segunda-feira, janeiro 31, 2005 |
"Buchholz celebra libertação de Auschwitz"* |
* notícia TSF online:
"A livraria Buchholz, a recuperar de um período de dificuldades financeiras, quer regressar à tradição de espaço de debate, pelo que assinala dia 27 deste mês a passagem de 60 anos sobre a libertação de Auschwitz pelo Exército Vermelho.
A iniciativa da Buchholz surge poucos dias depois de um e-mail anónimo ter sido enviado para a comunicação social a dar conta de que a livraria estaria em alegada pré-falência, o que foi negado pelo seu novo director-geral, José Leal Loureiro, que admitiu apenas «um período de dificuldades, relacionado com a conjuntura do país».
O ciclo de iniciativas da Buchholz, que terá patente uma exposição-venda de livros sobre Auschwitz, incluirá a projecção do filme de cariz documental «Shoah» (que significa catástrofe em hebraico), de Claude Lanzmann.
O documentário foi rodado entre 1976 e 1982, período em que Lanzmann recolheu 350 horas de filme num trabalho que não visa, apesar do método utilizado, ser um trabalho de jornalista ou de historiador, mas uma criação artística.
Pela hora de almoço terão lugar algumas leituras de poemas e textos de Paul Celan, Robert Antelme, Primo Levi, Jorge Semprun, Borowski, Imre Kertész, entre outros, tanto por convidados como por frequentadores da livraria que desejem participar.
Ao final da tarde, realiza-se o debate «Ninguém testemunha pela testemunha», que será moderado por António Guerreiro e contará com as participações de Esther Musznik, Manuel Villaverde Cabral, Maria Filomena Molder, Gonçalo M Tavares e Teresa Seruia." |
posted by George Cassiel @ 3:14 da tarde |
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sexta-feira, janeiro 28, 2005 |
Bom fim-de-semana! |
Un Long Dimanche de Fiançailles Jean-Pierre Jeunet FRA, 2004, Cores, 134 min |
posted by George Cassiel @ 6:23 da tarde |
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A Cultura nos Programas de Governo |
PS:
"A política cultural para o período 2005-2009 orientar-se-á por três finalidades essenciais. A primeira é retirar o sector da cultura da asfixia financeira em que três anos de governação à direita o colocaram. A segunda é retomar impulso político para o desenvolvimento do tecido cultural português. A terceira é conseguir um equilíbrio dinâmico entre a defesa e valorização do património cultural, o apoio à criação artística, a estruturação do território com equipamentos e redes culturais, a aposta na educação artística e na formação dos públicos e a promoção internacional da cultura portuguesa. A opção política fundamental do Partido Socialista não é colocar bens e objectivos culturais uns contra os outros, como fazem todos quantos gostam de opor património, formação e criação, mas sim de qualificar o conjunto do tecido cultural, na diversidade de formas e correntes que fazem a sua riqueza." "Já no que respeita ao sistema de apoios às artes do espectáculo, importa rever o respectivo regime jurídico e organizacional, de modo a distinguir o apoio às estruturas independentes e o apoio a organismos públicos, mesmo que locais, separar o que é o financiamento à criação e o que é o financiamento à programação, à itinerância ou à extensão educativa, e consagrar o princípio da avaliação por júris sempre que estiver em causa a qualidade artística dos projectos".
"Proceder-se-á à avaliação dos resultados das duas primeiras capitais nacionais da cultura, Coimbra e Faro, para equacionar os termos da continuidade do projecto. O mais importante é que actividades culturais regulares e sustentadas façam rogressivamente parte do ambiente das nossas cidades – e, portanto, que estejam também no centro das novas políticas urbanas".
"Sendo os objectivos de política pública transversais às várias áreas de expressão cultural, há contudo duas que nos parece requererem uma atenção acrescida: pela sua importância decisiva na geração de competências e gostos culturais, na acessibilidade do património e da criação e no fomento de cadeias de valor económico em torno da cultura, a área do livro e da leitura; pela sua posição de charneira entre a cultura e a comunicação e na afirmação internacional da língua e cultura portuguesa, além das razões anteriores, a área do audiovisual".
"Será melhorada a cobertura territorial da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, com concursos anuais e particular atenção às necessidades diferenciadas dos municípios, de acordo com a sua dimensão. O Programa Nacional de Promoção da Leitura será reforçado, beneficiando da cooperação entre bibliotecas públicas e bibliotecas escolares e chamando também as bibliotecas à agenda crucial da educação dos adultos. Na política da edição por organismos públicos, serão clarificadas a missão e as competências da Imprensa Nacional. O programa de apoio à edição de obras clássicas da literatura portuguesa será redefinido, acelerando-se o ritmo de execução e garantindo a difusão dessas obras por toda a rede de bibliotecas públicas e de bibliotecas escolares."
(TODO O PROGRAMA ELEITORAL)
BE:
"O Bloco de Esquerda bate-se pelo aprofundamento e pela renovação das políticas culturais públicas,como condição fundamental para a democracia numa sociedade de informação. Por serem políticas requerem intencionalidade, inventariação de objectivos e de prioridades; por serem culturais associam-se à criação, difusão e recepção de sentido, traço distintivo, quer do espaço público, quer da cidadania; por serem públicas exigem investimento público, captação de recursos financeiros, técnicos e humanos e subtracção à esfera da mercantilização. A promoção do conhecimento exige uma intervenção cultural activa, combatendo o défice do atraso: a vida cultural é uma parte fundamental da democracia, e uma prioridade para o desenvolvimento, como o são a saúde ou a educação."
"A cultura deve ser tratada como serviço público, na confluência da democratização cultural (disseminação do acesso da cultura «erudita» e do património acumulado ao maior número possível de pessoas) com a democracia cultural (promoção da criação cultural em todos os grupos e classes sociais, no respeito antropológico pela diversidade; formação de públicos de baixo para cima, a partir dos seus repertórios simbólicos e sociais, visando o conhecimento e o domínio do maior leque possível de linguagens, códigos, géneros e formas de expressão culturais e artísticas que permitam a efectiva liberdade de escolha – jamais se escolhe o que não se conhece ou compreende)."
"Em consequência, o Bloco de Esquerda defende:
• a consagração de 1% do Orçamento de Estado à fileira da cultura;
• o funcionamento em rede de equipamentos culturais nacionais, regionais e concelhios,
• apoios à itinerância e à descentralização, sem que estas surjam, todavia, como contrapartida da criação cultural (que deve prosseguir fins que lhe são intrínsecos);
• um plano de emergência no apoio e salvaguarda do património cultural;
• a urgente revisão dos critérios de apoio à criação cultural independente, envolvendo os próprios criadores e produtores culturais na definição desses critérios;
• o reconhecimento, com tradução orçamental, do carácter de excepção dos Teatros Nacionais, enquanto laboratórios exemplares de criação e difusão nacional e internacional;
• a dinamização da rede nacional de museus, para que efectivamente funcionem em rede e com orçamentos dignos, que lhes permitam pensar em algo mais do que a sua própria sobrevivência, reforço que certamente se traduzirá na agilização e renovação dos departamentos educativos;
• a criação do estatuto sócio-profissional do artista, de forma a garantir protecção social (reforma, subsídio de desemprego, acesso ao serviço nacional de saúde...) aos trabalhadores intermitentes ou sazonais, bem como a garantia de uma aposentação precoce para as profissões de alto desgaste físico (bailarino, artista de circo);
• a criação da carreira de animador cultural e da de mediador cultural;
• a circulação dos animadores e mediadores culturais nas escolas, bairros sociais, associações, prisões e instituições culturais do Estado (nomeadamente museus e bibliotecas);
• a conclusão, na próxima legislatura, da rede nacional de bibliotecas públicas: uma em cada concelho – as bibliotecas são o acesso do direito à memória e um bem público patrimonial insubstituível;
• a disponibilização online dos conteúdos da Biblioteca Nacional;
• a disseminação nas instituições e organizações culturais públicas de instrumentos de acesso gratuito às novas tecnologias da informação;
• o plano nacional de revitalização do movimento associativo, com forte empenho na dimensão formativa de dirigentes e técnicos;
• um novo concurso de frequências para rádios locais, comunitárias e associativas;
• a protecção fiscal dos direitos de autor;
• a redução do IVA afecto aos discos para 5%;
• a ampliação dos programas e montantes destinados à internacionalização da criação cultural portuguesa;
• a dinamização do turismo cultural, em particular nas cidades de média dimensão;
• a acção nos organismos internacionais para a defesa do carácter de excepção dos bens culturais;
• o reforço e expansão dos leitorados portugueses espalhados pelo mundo."
(TODO O PROGRAMA ELEITORAL)
PSD:
O ducumento em "pdf" não permite "copy/paste" (azar!).
(TODO O PROGRAMA ELEITORAL)
PCP:
(TODO O PROGRAMA ELEITORAL)
PCP:
Mensagem no site institucional! "De momento não é possível a ligação. Volte em Breve." É a vida! |
posted by George Cassiel @ 10:26 da manhã |
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Vou processar a Taróloga Maya! |
"Pedro Santana Lopes invocou esta noite as diferenças percentuais nas sondagens, para afirmar que "está montada uma mega-fraude em torno desta matéria" e assegurar que processará as empresas que falhem previsões face aos resultados eleitorais" in Publico Online, hoje.
Será da gripe? O Sr. Demissionário revoltado com os resultados das sondagens pretende processar as empresas se os resultados forem muito diferentes na noite eleitoral! Qual é a diferença percentual que legitimará um processo? 1%, 2%, 5%? Ou seja: se afinal o PSD tiver 31% e não 28%, vai haver processo? E se ganhasse? Parece que o Sr. Demissionário está seriamente afectado pelo surto de gripe que assolou o país... ou então é do frio! Congela o raciocínio e apela ao ridículo!
Por este caminho, ainda vou a tempo de processar a Maya. Não é que essa senhora, numa previsão recente para o meu signo, adivinhava uma semana de boa saúde! Acabei por ter uma valente constipação. Vou ligar ao meu advogado! |
posted by George Cassiel @ 10:18 da manhã |
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quinta-feira, janeiro 27, 2005 |
Mudanças na Antena 2 |
No Público Online:
Uma imagem renovada e um reforço dos programas de autores marcam a nova grelha da rádio Antena 2, do grupo RDP, para este ano, anunciou hoje o director da estação, João Pereira Bastos.
As novas propostas do canal, conhecido por ser o mais cultural e clássico do operador público, começam a ser divulgadas a partir de terça-feira (dia 1 de Fevereiro) e pretendem dar continuidade à estratégia de rejuvenescimento da emissora iniciada em 2003.
"É uma grelha que substancia o objectivo de manter o perfil da estação, a qualidade de oferta e a procura de rejuvenescimento e renovação de conteúdos", salientou o administrador do grupo RTP e RDP, Luís Marques, na conferência de imprensa hoje realizada no Teatro de S.Carlos, em Lisboa.
O destaque da nova grelha da Antena 2 vai para a introdução de onze novos formatos, onde estão incluídos, entre outros, programas relacionados com os bastidores do mundo do espectáculo, as questões da língua portuguesa e as canções de todos tempos.
A rádio também vai abrir a sua emissão a temas inéditos, apostando na introdução de formatos ligados ao ensino nos conservatórios, ao mundo da Internet e as actuais preocupações ecológicas, segundo explicou João Pereira Bastos.
No desenvolvimento destes espaços estão alguns dos novos colaboradores da estação, como é o caso dos jornalistas Pedro Oliveira (RTP) e José Vítor Malheiros (director editorial do PUBLICO.PT).
A produção regular de grandes reportagens de cultura para além do âmbito da música será outra das componentes desta nova linha de programação.
A rádio adquiriu também, no princípio do ano, uma nova identidade visual, assumindo o rosa escuro como a cor oficial da estação. Esta vertente gráfica foi desenvolvida em parceria com a empresa de comunicação Brandia.
A Antena 2 está integrada no grupo RDP e registou uma audiência média de 0,4 por cento no quarto trimestre do ano passado, o que significou um decréscimo de 0,2 pontos percentuais em relação ao período homólogo de 2003, segundo valores do Bareme Rádio da Marktest.
João Pereira Bastos deixa direcção da Antena 2 em Março
Ainda durante a apresentação da nova grelha da rádio, João Pereira Bastos anunciou que vai deixar oficialmente a direcção da estação a 31 de Março deste ano.
A saída do responsável, que assumiu a coordenação da emissora durante os últimos dez anos, está relacionada com projectos pessoais e estava a ser preparada há mais de dois anos.
"Esta grelha será a última sob a direcção de João Pereira Bastos, que manifestou o seu desejo de deixar as suas funções quando da entrada desta administração", referiu o administrador do operador público de rádio, Luís Marques.
Uma decisão que foi adiada devido ao processo de reposicionamento e rejuvenescimento que a estação sofreu nos últimos meses, explicou o administrador, acrescentando que, neste momento, a estação está preparada para "resistir à saída de João Pereira Bastos".
Um facto que vai ao encontro da recente nomeação do jornalista João Almeida para o cargo de director-adjunto do canal.
Pereira Bastos revelou que o seu futuro vai estar ligado à área da encenação, tendo já três projectos em carteira.
Com 58 anos, o responsável tem no seu currículo a direcção do Teatro de S. Carlos e a direcção de música do Festival de Macau.
Vamos aguardar para "ouvir". |
posted by George Cassiel @ 5:21 da tarde |
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Políticas Culturais |
Lerei com atenção o post assinado por João MacDonald do Barnabé, a que o Miguel faz referência, relembrando um post meu a propósito das propostas partidárias sobre política cultural.
Para aguçar o apetite:
"A pobreza do debate cultural na pré-campanha só tem sido furada pelo PS e pelo BE. A 19 de Janeiro, numa sessão do Fórum Novas Fronteiras (com a presença de Manuel Maria Carrilho, Lídia Jorge, Rui Vieira Nery e Augusto Santos Silva), José Sócrates disse que “o livro e a leitura” e “o cinema e o audiovisual” são as prioridades do seu partido no que diz respeito a corrigir os cortes orçamentais efectuados nos últimos três anos. Anunciou ainda o lançamento de um “passe cultural” que permitirá o acesso à vários equipamentos culturais do país (informação fútil, que não revela política alguma). Junte-se isto a duas singelas linhas no resumo do programa eleitoral do PS (tanto quanto consegui ler na Internet): rever o sistema de apoio às artes dos espectáculos e a percentagem do Orçamento do Estado para a cultura – e aí está tudo o que se sabe. O mais foi o “plano tecnológico” como estratégia que também vai na linha de um livro que Carrilho emprestou ao secretário-geral do PS: The Rise of the Creative Class do economista norte-americano Richard Florida (best seller nos EUA, publicitado em www.creativeclass.org).
Já o BE reuniu no passado 15 de Janeiro, na Faculdade de Letras de Lisboa, um fórum alargado sobre vários temas, entre os quais a cultura. Estiveram presentes, entre outros, António Mega Ferreira, Alberto Seixas Santos, Maria João Seixas e Miguel Portas. Não tenho informação sobre que assuntos em concreto foram debatidos." (macdonald, barnabé) |
posted by George Cassiel @ 5:12 da tarde |
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quarta-feira, janeiro 26, 2005 |
Promessas por cumprir |
Aqui!
E valia a pena cumprir. |
posted by George Cassiel @ 4:09 da tarde |
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"Versalhada nova" |
... é o título do post que nos encaminha para aqui!
A visitar. |
posted by George Cassiel @ 3:57 da tarde |
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terça-feira, janeiro 25, 2005 |
Cidade Ideal |
«Eu não tenho uma cidade ideal. A minha cidade ideal é uma cidade de cidades, uma colagem de lugares. É assim que eu vejo o rio Tejo e as varandas que para ele dão ladeando os arranha-céus de Hong Kong, em especial o Banco da China de LiPei, nas margens do Mar das Pérolas; o Banco faz esquina com a rua das livrarias do Rio de Janeiro, a mesma do China Club de Paris que, nesta minha cidade, fica defronte dos Jardins du Luxembourg, no centro dos quais se encontra o café Pullmans de Utrecht, com vista para a 9 de Julho de Buenos Aires, morada do Museu de Fotografia de Arles, cujo portão abre para as termas de La Garriga, ao lado das quais fica a Biblioteca de Nova Iorque na Rua 42, perpendicular à Avenida Eduardo Mondlane do Maputo, lugar do colorido mercado de Hanói, vizinho do mercado de Barcelona e da Piazza de la Signoria, defronte da esplanada do Sporting Clube de Beirute, de onde se avista o Mediterrâneo.»
No livro "Abrigos", António Pinto Ribeiro |
posted by George Cassiel @ 1:49 da tarde |
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Também de António Pinto Ribeiro |
dois textos interessantes.
"O intelectual contemporâneo não é um vanguardista, não profecia em relação ao futuro, não antecipa a história como o fazia o intelectual do princípio do século, atrás associado aos movimentos modernistas - o intelectual hoje não está nas vanguardas, que acabaram, mas na retaguarda. Não se trata de um jogo de linguagem apenas, mas de consubstanciar a ideia de que esta retaguarda supõe alguns cânones, algum classicismo cujo objectivo é prever e proteger a acção." (Ler todo o texto).
"Ler ou não ler!? Será a ignorância uma via para o desejo, uma "cama de sonhos" ou a experiência da maior solidão? Numa livraria em Lubjliana..."(Ler todo o texto). |
posted by George Cassiel @ 1:46 da tarde |
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Virus |
Não o computador, nem este Blog... mas o próprio George Cassiel.
Este início de semana não possibilita muita atenção aos posts... fica para breve o regresso.
Afinal os antibióticos são úteis! |
posted by George Cassiel @ 1:44 da tarde |
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sexta-feira, janeiro 21, 2005 |
Bom fim-de-semana! |
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posted by George Cassiel @ 4:12 da tarde |
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quinta-feira, janeiro 20, 2005 |
Recomenda-se! |
Duas horas de comboio bastam para uma primeira leitura deste conjunto de artigos e intervenções públicas de António Pinto Ribeiro. Uma visão lúcida e atenta às políticas culturais em Portugal. Um alerta. Um conjunto de desafios. Um porto de abrigo para muitas reflexões. Recomenda-se! |
posted by George Cassiel @ 4:25 da tarde |
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quarta-feira, janeiro 19, 2005 |
Silêncios... |
Não abandonei este barco.
A inspiração é que não tem soprado nas velas! |
posted by George Cassiel @ 11:33 da manhã |
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segunda-feira, janeiro 17, 2005 |
Devia continuar a ser fim de semana |
por isso, por hoje me retiro! |
posted by George Cassiel @ 5:15 da tarde |
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sexta-feira, janeiro 14, 2005 |
Bom fim-de-semana! |
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posted by George Cassiel @ 2:04 da tarde |
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Het beschrijf |
"Het beschrijf is a young non-profit organisation, founded in 1998 out of enthousiasm for literature."
Também vale a pena visitar. |
posted by George Cassiel @ 2:01 da tarde |
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quinta-feira, janeiro 13, 2005 |
Entrez Lire |
"Entrez Lire veut faire de chacun un acteur de la culture."
Há projectos assim! Certeiros! |
posted by George Cassiel @ 2:24 da tarde |
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1941 - Zurique |
Morre, aos 58 anos, James Joyce. Hoje, 64 anos depois, continua a fazer todo o sentido lembrar a sua obra.
Odiados ou amados, mas sempre incontornáveis, os livros de James Joyce continuam a alimentar as inspirações de muitos e a transpiração da maior parte.
"The only demand I make of my reader," disse Joyce a um entrevistador "is that he should devote his whole life to reading my works." Exagero, ou talvez não!
"But when the restraining influence of the school was at a distance I began to hunger again for wild sensations, for the escape which those chronicles of disorder alone seemed to offer me. The mimic warfare of the evening became at last as wearisome to me as the routine of school in the morning because I wanted real adventures to happen to myself. But real adventures, I reflected, do not happen to people who remain at home: they must be sought abroad." (de "Dubliners")
"We are praying now for the repose of his soul. Hoping you're well and not in hell. Nice change of air. Out of the fryingpan of life into the fire of purgatory." (de "Ulisses").
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posted by George Cassiel @ 1:46 da tarde |
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Thomas Mann e a Montanha Mágica |
Num final de jantar entre amigos relembramos a Montanha Mágica, com paixão.
Dela disse o autor:
"O que devo eu então dizer sobre o próprio livro (Montanha Mágica) e ainda por cima, como deve ser lido? O começo é uma exigência muito arrogante, a dizer que se deva lê-lo duas vezes. É claro que essa exigência é retirada imediatamente para o caso de que na primeira vez se tenha ficado entediado. A arte não deve ser nenhum trabalho escolar nem dificuldade, nenhuma ocupação contre coeur, mas sim deve alegrar, entreter e animar e aquele sobre o qual uma obra não exerce esse efeito então este deve deixar a obra de lado e voltar-se para outra. Mas quem chegou uma vez até o final com a “Montanha Mágica” então eu aconselho a lê-la mais uma vez, pois seu feitio particular, seu caráter como composição traz consigo que o prazer do leitor aumentará e se aprofundará da segunda vez, - como se deve já conhecer uma música para poder gozá-la de acordo. Não casualmente utilizei a palavra composição, a qual se costuma reservar à música. A música sempre influenciou meu trabalho formando fortemente meu estilo. Os poetas são, na maioria das vezes, outra coisa no fundo, eles são pintores ou gráficos ou escultores ou arquitetos deslocados ou outra coisa qualquer. Quanto a mim, eu pertenço aos músicos entre os poetas. O romance sempre foi para mim uma sinfonia, um trabalho de contraponto, um tecido de temas no qual as idéias têm o papel de motivos musicais. Ocasionalmente aludiu-se - eu mesmo o fiz também - à influência que a arte de Richard Wagner exerceu na minha produção. Não quero de modo nenhum negar esta influência e eu segui particularmente Wagner também no emprego dos Leitmotives que eu transferi para a narração e não assim como Tolstói e Zola e também ainda no meu próprio romance de juventude, “Os Buddenbrook”, de um modo meramente naturalista caracterizante, assim por dizer de modo mecânico, mas sim na maneira simbólica da música. Isto eu experimentei pela primeira vez em “Tonio Kröger”. A técnica que eu exercitei lá está empregada na “Montanha Mágica” num limite muito mais abrangente, da maneira mais complicada e que perpassa tudo. E a isso se refere a minha exigência arrogante de ler duas vezes a “Montanha Mágica”. Podemos reconhecer e apreciar adequadamente o complexo de relações entre música e idéias que ela forma quando já conhecemos sua temática e somos capazes de interpretar não só para trás, mas também para diante a palavra-chave que alude a um símbolo.
Com isso eu volto a aludir a algo que já toquei, a saber, ao mistério do tempo com o qual o romance lida de diversas maneiras. Ele é um romance de tempo num duplo sentido: uma vez historicamente, tentando esboçar o quadro interior de uma época, o tempo do pré-guerra europeu, depois porém porque o puro tempo mesmo é o assunto dele, que ele trata não apenas como experiência de seu herói, mas sim também através de si mesma. O livro é sobre aquilo mesmo que ele narra; e descrevendo o encantamento hermético fora do tempo de seu herói, ambiciona por seu meio artístico a abolição do tempo e através da tentativa de emprestar ao mundo universal da música e das idéias que ele abarca, a cada momento uma presença plena e produzir um mágico “nunc stans”. Mas para trazer à plena congruência sua ambição de ser sempre ao mesmo tempo conteúdo e forma, ser e aparência, e ser sempre aquilo do qual se trata e fala, esta ambição vai mais longe. Ela se refere ainda a um outro tema fundamental, o tema da elevação, à qual é dado o epíteto alquímico. Os senhores se lembram: o jovem Hans Castorp é um herói simples, um filhinho de família hamburguesa e engenheiro comum. No febril hermetismo da montanha mágica essa matéria simples passa por uma elevação que o torna capaz de aventuras morais, espirituais e sensuais, das quais nunca teria sonhado no mundo que é sempre designado ironicamente como planície. Sua história é a história de uma elevação, mas ela é elevação também em si mesma, como história e narração. Ela trabalha com os expedientes do romance realista, mas não é, ela sempre ultrapassa o real elevando-o simbolicamente e tornando-o transparente para o espiritual e o ideal. Já no tratamento de suas figuras ela o faz que para o sentimento dos leitores todas são mais do que aparentam; elas são expoentes, representantes e mensageiros de regiões espirituais, princípios e mundos. Espero que mesmo assim não sejam sombras e alegorias andantes. Ao contrário, eu estou despreocupado pela experiência de que os leitores experimentam esses personagens, Joachim, Clawdia Chauchat, Peeperkorn, Settembrini como pessoas reais, das quais o leitor se lembra como pessoas com as quais travou realmente conhecimento.
O livro cresceu espacial e espiritualmente no caminho da elevação muito além do que o autor originalmente planejou com ele. A short story tornou-se o volumoso romance de dois tomos - uma desventura que não teria acontecido se a “Montanha Mágica” tivesse permanecido aquilo que muita gente no início via nela e ainda hoje nela vêem: uma sátira à vida do sanatório para tuberculosos. Ela causou a seu tempo não pouca sensação no mundo da medicina, causou nela parcialmente adesão, parcialmente indignação, uma pequena tempestade nos jornais especializados. Mas a crítica da terapia do sanatório é seu primeiro plano, um dos primeiros planos do livro, cuja característica é ter um grande segundo plano. A advertência doutrinária dos riscos morais da cura pelo repouso e de todo o ambiente estranho fica na verdade por conta do senhor Settembrini, o racionalista e humanista retórico que é uma figura entre outras, uma figura humorística-simpática, às vezes também o bocal do autor, mas de maneira alguma o próprio autor. Para este, morte e doença e todas as aventuras macabras pelas quais ele deixa seu herói passar são justamente o meio pedagógico pelo qual se alcança uma imensa elevação e impulso do herói simples para além de sua situação original. Elas são, justamente como meio pedagógico, valorizadas amplamente de modo positivo, mesmo se Hans Castorp no decorrer de sua vivência ultrapassa sua devoção inata diante da morte e compreende uma humanitariedade que não nega e rejeita racionalmente a idéia da morte e todo escuro e misterioso da vida, mas as inclui sem se deixar dominar espiritualmente por ela. O que ele aprende a compreender é que toda saúde mais elevada deve ter passado pelas profundas experiências da doença e da morte, assim como o conhecimento do pecado é uma condição prévia da salvação. “Para a vida”, disse Hans Castorp uma vez para Madame Chauchat, “para a vida há dois caminhos: um é o usual, direto e ajuizado. O outro é mau, ele passa pela morte e este é o caminho genial.” Essa concepção de doença e morte como uma passagem necessária para o saber, para a saúde e para a vida torna a “Montanha Mágica” um romance de iniciação (initiation story).
Eu não inventei essa denominação. A crítica ma deu à mão posteriormente e eu faço uso dela uma vez que eu devo lhes falar sobre a “Montanha Mágica”. Eu me deixo ajudar com prazer pela crítica alheia pois é um erro pensar que o autor mesmo seja o melhor conhecedor e comentador de sua própria obra. Ele é, talvez, enquanto ainda trabalha e está nela. Mas uma obra consumada, que já ficou para trás, se torna cada vez mais algo separado dele, estranho, na qual e sobre a qual outros com o tempo estão muito melhor informados do que ele, de modo que podem recordar-lhe muita coisa que ele esqueceu ou talvez até mesmo nunca tenha sabido claramente. A gente tem, em geral, a necessidade de ser lembrado de si. Não se está de modo algum de posse de si mesmo, nossa autoconsciência é quanto a isto fraca, uma vez que nós de modo algum e nem sempre temos o nosso ser integralmente presente. Apenas em momentos de rara claridade, concentração e visão geral nós temos conhecimento verdadeiro de nós e a modéstia de pessoas notáveis que surpreende muitas vezes, tem seu motivo em boa parte nisso: que elas geralmente sabem pouco sobre si mesmas, não estão conscientes de si mesmas e se sentem, com razão, como pessoas comuns."
Thomas Mann, excerto de Conferência, Princeton University, 1939
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posted by George Cassiel @ 9:50 da manhã |
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quarta-feira, janeiro 12, 2005 |
No meu bairro, ali ao fundo da rua IV |
Edward Hopper, "Room by the Sea" (1951)
Da minha porta vejo o mar. É uma porta no meu quarto, ao lado de um quadro azul. Um primeiro andar e a vista é magnífica! No verão, em dias de muito calor, mergulho para me refrescar. O vizinho do rés-do-chão empresta-me sempre uma toalha. |
posted by George Cassiel @ 3:00 da tarde |
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Dúvidas eleitorais |
Acordei assaltado por uma pergunta: quais são as propostas dos partidos candidatos às próximas eleições legislativas em matéria de política cultural?
Não tenho dúvidas: é fundamental o equilíbrio orçamental, o combate à evasão fiscal, a resolução do sério problema do desemprego, a aposta em políticas de inclusão social e de combate à pobreza, o estímulo ao crescimento económico, a resolução de velhas questões (relacionadas com referendos) objecto de criminalizações inadmissíveis, propostas de combate ao endividamento familiar, soluções para o mercado de arrendamento, afirmação no contexto europeu e transatlântico, estímulos ao investimento, estabilidade nas políticas educativas, seriedade nas opções quanto às regras reguladoras do ensino superior, combate à desertificação do interior, clarificação do modelo político-administrativo do país, desburocratização e promoção da eficiência na administração pública, o combate à privatização de alguns serviços nucleares do estado, a aposta numa melhoria significativa dos serviços de saúde, enfrentar definitivamente e sem receios corporativistas alguns "poderes de classe profissional" instituídos, a aposta na eficiência do sistema judicial, definição de uma estratégia para os resíduos sólidos urbanos e para os industriais perigosos, etc, etc, etc....
e sobre cada uma destas coisas, e tantas outras, muito pode ser dito, discutido, proposto e realizado... discuto-as por entendê-las como questões importantes e, algumas delas, fundamentais e estruturantes num país social e economicamente equilibrado e desenvolvido.
Sobre cada uma destas questões, tenho ouvido, aqui ou ali, opiniões formadas ou ideias mais ligeiras, simples manifestação de intenções ou, apenas, afirmações simplistas... mas vou ouvindo e lendo!
... e quanto a políticas culturais? Têm menos repercussão na comunicação social, há menos interesse por parte dos cidadãos nestas matérias, ou, de facto, não há grande motivação para apresentar propostas, por que não são entendidas como fundamentais nem estruturantes neste país?
Não pretendo valorizar excessivamente esta matéria, quando comparada com as questões anteriores. No entanto, não posso, nem devo como cidadão, desvalorizá-la!
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posted by George Cassiel @ 11:01 da manhã |
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terça-feira, janeiro 11, 2005 |
Explicações sobre "No meu bairro, ali ao fundo da rua" |
Há coisas que não têm explicação.
Há textos que não tem razão de ser.
Começam como que por instinto, como se uma força estranha comandasse os dedos sobre o teclado.
Há textos que nos superam, que têm vida própria e que nos usam como sua própria metáfora.
Este conjunto, que agora começa a ganhar corpo e rotina, sob o título "No meu bairo, ali ao fundo da rua", surgiu assim. Dessa forma incompreensível.
E assim poderá desaparecer, se o texto se esgotar e me deixar de usar!
E explicação era devida (da vida)...
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posted by George Cassiel @ 9:57 da tarde |
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segunda-feira, janeiro 10, 2005 |
No meu bairro, ali ao fundo da rua (imagens I) |
Copyright © John Heine |
posted by George Cassiel @ 2:46 da tarde |
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No meu bairro, ali ao fundo da rua III |
No meu prédio vivem pessoas normais.
O vizinho do 2º esquerdo esqueceu-se do cão lá fora e passou a noite a ladrar para não sentir saudades. O vizinho, não o cão!
O meu vizinho do 2º esquerdo trabalha no Arquivo Diário do Bairro. É o responsável pelas entradas no Diário que dizem respeito à nossa rua. Escreve todos os dias a maior quantidade de informação possível: a que horas saímos, para onde fomos, o que fizemos, a que horas regressámos... É uma responsabilidade enorme. Um trabalho que exige uma imensa capacidade para estar atento a todos os pormenores.
Não sei como se foi esquecer do cão! E que vergonha ter de registar isso no Arquivo Diário do Bairro!
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posted by George Cassiel @ 2:34 da tarde |
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A Livraria Buchholz |
A propósito deste post, e depois de algumas notícias durante o fim de semana, o Aviz esclarece:
"José Leal Loureiro (A Regra do Jogo, lembram-se?) é o novo director da Buchholz. Ele acha que «pré-falência [é] uma expressão demasiado violenta» e anuncia que a livraria está a preparar «um reforço de capital, e está a tentar incrementar as vendas e reduzir alguns custos, com vista a voltar a funcionar em pleno». Muito bem." |
posted by George Cassiel @ 1:20 da tarde |
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Iris Murdoch V |
"Though Iris Murdoch has defined the highest art as that which reveals and honors the minute, "random" detail of the world, and reveals it together with a sense of its integrity, its unity and form, her own ambitious, disturbing, and eerily eccentric novels are stichomythic structures in which ideas, not things, and certainly not human beings, flourish. In the beginning is the Word."
em Sacred and Profane Iris Murdoch
por Joyce Carol Oates
... para ver todo o texto. |
posted by George Cassiel @ 11:14 da manhã |
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sexta-feira, janeiro 07, 2005 |
No meu bairro, ali ao fundo da rua II |
Ali ao fundo da rua, ao virar da esquina, depois da Fábrica das Coisas Pequenas, há um bosque muito verde. Assim verde como a relva fresquinha pela manhã na primavera! Há um bosque onde costumamos ir algumas vezes por mês, quando a lua se torna grande e nos observa mais de perto.
Nesse bosque verde, como a relva fresquinha pela manhã na primavera, fica, bem lá no meio, escondida por entre os arbustos mais frondosos, numa clareira no meio das árvores, a Máquina de Fazer Sons.
Hoje fui lá ouvir o mar.
Agora, que já há ideias novas, já podemos ter a nossa própria máquina de fazer sons. Mais pequena, é certo! Mas posso tê-la em casa. Hoje, depois de ter ido ali ao fundo da rua, no meio do bosque, numa clareira, por entre os arbustos, decidi trazer uma dessas máquinas pequenas de fazer sons. Escolhi o mar.
Trouxe um buzio para casa.
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posted by George Cassiel @ 6:43 da tarde |
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Upstairs! (bom fim de semana) |
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posted by George Cassiel @ 6:40 da tarde |
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quinta-feira, janeiro 06, 2005 |
No meu bairro, ali ao fundo da rua I |
A Fábrica das Coisas Pequenas fica mesmo do outro lado da rua da farmácia das pessoas saudáveis. Ali, depois da curva onde é a entrada para o parque da Fábrica das Coisas Grandes! A fábrica das Coisas Pequenas tem uma porta onde só parece caber um anão, mas entrei. É lá que se constrói tudo o que ocupa pouco espaço: alfinetes, agrafos para agrafadores, pontas de lápis partidas, chaves de cofres pequenos, anéis de meninas, entre outras coisas, mas, principalmente aqueles bonecos minúsculos que colecciono! Ah! E os botões e os olhos de bonecas também.
A propósito da Farmácia das Pessoas Saudáveis, aproveitei a ida à Fábrica para, do outro lado da estrada, comprar alface. A Farmácia das Pessoas Saudáveis estava a fazer uma promoção de vegetais. Os sumos estavam esgotados e o mel também!
A Fábrica das Coisas Pequenas tem uma porta tão baixinha que quase não consegui entrar. Por isso é que estou com esta dor nas costas!
A Fábrica das Coisas Grandes tem uma porta gigante, mas não entrei, porque não tinha nada lá que me interessasse e estava com esta grande dor nas costas!
Não vou escrever mais, porque a ponta de lápis partida que comprei está a acabar e não posso voltar à Fábrica das Coisas Pequenas... esta dor nas costas não me deixa...
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posted by George Cassiel @ 5:41 da tarde |
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Iris Murdoch IV |
O Último Livro de Iris Murdoch Revelava Já a Doença de Alzheimer
Por RITA PINTO, Público, 2 Janeiro 2001
Um estudo de cientistas britânicos demonstra que a doença de Alzheimer, que conduziu a escritora Iris Murdoch à morte, era já visível no seu último romance. O estudo, uma parceria entre a University College de Londres e a Unidade de Ciências do Cérebro e da Cognição do Conselho de Investigação em Medicina do Reino Unido, foi publicado na revista "Brain".
Os investigadores tentaram entender os efeitos da doença na linguagem, através do estudo de três romances. As obras escolhidas foram "Under the Net", (1954), o seu primeiro trabalho, "The Sea, The Sea" (1978), publicado no auge da sua criatividade e "O dilema de Jackson" (1995), escrito pouco antes de ser diagnosticada a doença.
Os textos foram convertidos em listas de palavras que permitem mostrar a frequência de cada termo utilizado bem como os grupos de palavras a que a autora recorreu. A quantidade de grupos de palavras permite medir a diversidade do vocabulário usado que, no caso de Murdoch, entrou em declínio em "O dilema de Jackson".
A equipa descobriu que, apesar da estrutura e da gramática se terem mantido constantes na sua obra, o vocabulário diminuiu e a linguagem usada no último romance foi mais simples do que nos outros dois.
Enquanto em "The Sea, The Sea" o vocabulário usado foi mais rico e invulgar, "O dilema de Jackson" caracteriza-se pelo emprego de palavras triviais. A taxa de introdução de novas palavras foi igualmente maior em "Under the Net" e "The Sea, The Sea", apesar de as características gramaticais dos três livros se terem mantido relativamente estáticas.
Segundo os investigadores, estes resultados remetem para uma primeira fase da Alzheimer, em que os doentes sentem dificuldades na escolha das palavras a utilizar, mas mantêm a capacidade de formar frases correctamente.
"Quando contactei pela primeira vez com o estudo desta equipa, revelei que senti que havia algo diferente no último romance de Iris, que estava a avançar, mas de forma estranha em vários aspectos", confessou John Bayley, marido da escritora.
A doença de Alzheimer foi diagnosticada a Iris Murdoch em 1995, aos 76 anos, pouco depois da publicação de "O dilema de Jackson". O cérebro da escritora, falecida em 1999, foi por ela doado para investigação médica sobre a doença que a vitimou.
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posted by George Cassiel @ 4:59 da tarde |
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Iris Murdoch III |
"We are all such shocking poseurs, so good at inflating the importance of what we think we value."
Iris Murdoch, The Sea, The Sea
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posted by George Cassiel @ 4:50 da tarde |
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Orquestra Filarmonia das Beiras irá renascer! |
Nem só de más notícias vive o nosso universo cultural!
De facto, depois da alarmante notícia do final desta Orquestra Regional, após decisão da Assembleia Geral da Associação Musical das Beiras realizada em Outubro, este nosso pequeno mundo viu-se seriamente abalado.
A reacção de um dos associados, a Câmara Municipal de Aveiro, foi imediata e, após reunião com a "comissão liquidatária", ficou mandatada para apresentar uma proposta de continuidade.
Longas e difíceis semanas de trabalho e negociações possibilitaram a apresentação de uma proposta de continuidade da mesma, em Assembleia Geral realizada no passado dia 4 de Janeiro. Ficou, assim, para satisfação de todos, decidida a continuidade da Orquestra e criada uma comissão de trabalho liderada pela Universidade de Aveiro para, num curto espaço de tempo, concluir o processo iniciado pela Câmara de Aveiro e apresentar ao sócios a viabilidade da Orquestra.
Ainda há alegrias possíveis!
(sinal da motivação e do empenho de muitos é a realização, hoje à noite, no Teatro Aveirense, de um Concerto de Ano Novo, com os músicos da Orquestra Filarmonia das Beiras... lá estaremos... sorrindo!) |
posted by George Cassiel @ 10:15 da manhã |
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A Livraria Buchholz, lugar de referência do nosso (pequeno) universo cultural encontra-se em situação de pré-falência |
Acordado por esta notícia sobre a Buchholz em diversos jornais, depois do alerta do Miguel, reproduzo o texto a que o Francisco José Viegas faz referência:
«Agradece-se a todos quantos a frequentaram que a voltem a visitar, de vez em quando. Comprar um livro que não se encontra em mais lado nenhum pode, eventualmente, ajudar a reerguê-la.»
A Buchholz é uma livraria com história. Foi fundada em 1943 pelo livreiro alemão Karl Buchholz, que deixou Berlim depois da sua galeria de arte e livraria terem sido destruídas pelos bombardeamentos. A actividade de Buchholz era incompatível com o regime de Berlim, nomeadamente a venda de autores considerados proscritos, como Thomas Mann. No entanto, a relação de Buchholz com o regime era algo dúbia pois tanto compactuava em manobras de propaganda alemã como salvava da fogueira obras de Picasso e Braque, condenadas pela fúria nazi.
No início, a livraria estava situada em Lisboa na Avenida da Liberdade e só em 1965 se instalou na rua Duque de Palmela. O interior foi projectado pelo próprio livreiro ao estilo das livrarias da sua terra natal. O espaço estende-se por três andares unidos por uma escada de caracol, com recantos e sofás que proporcionam uma intimidade dos leitores com os livros. A madeira das escadas, chão e estantes torna o espaço acolhedor e agradável.
Hoje, a galeria continua a ser uma referência cultural com um público fiel que preza o espaço de convívio que a livraria sugere. A selecção dos títulos é vasta e inclui várias áreas: artes, ciência, humanidades, literatura portuguesa e estrangeira, livros técnicos e infantis, na cave funciona uma secção de música clássica e etnográfica. Apesar de não ser especializada em nenhuma área, a secção dedicada à ciência política é frequentada por muitos políticos da nossa praça. A Buchholz acolhe ainda eventos especiais como lançamentos de livros, sessões de leitura, e o "Domingo Especial" que são os saldos anuais da livraria, uma vez por ano, no último domingo de Novembro. Na Buchholz on-line pode percorrer as estantes da livraria sem sair de casa e ainda encomendar livros nacionais e alguns estrangeiros.
Importa dar atenção aos desafios lançados
no Glória Fácil: ("Parece-me é que os amantes dos livros que frequentam a blogosfera (os famosos, os menos famosos e os anónimos), juntos com os editores mais a SPA e até as organizações dos jornalistas (sindicato, clube) poderiam, em conjunto com os proprietários do espaço, tentar perceber a origem do problema e estabelecer uma terapia.")
e no Aviz: ("Acredito que só os amigos da Buchholz, ou seja, os seus clientes, aqueles que passaram pelas suas escadas, estantes, livros empilhados, desorganização, maus tratos, labirintos, três andares, inutilidades & raridades, pequenas maravilhas, achados, prazos de entrega, presenças do Assis Pacheco, poderão decidir o destino da livraria. Pessoalmente, penso que o encerramento da Buchholz, se vier a confirmar-se, constitui uma perda para a geografia cultural de Lisboa. O mercado é fatal e uma livraria também funciona no interior dessa maquinaria. Simplesmente, acho que os seus clientes podem fazer um esforço suplementar.")! |
posted by George Cassiel @ 9:56 da manhã |
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quarta-feira, janeiro 05, 2005 |
O Silêncio como experiência da esperança |
imagem do filme "The Silence", de Mohsen Makhmalbaf,1997 , Tajikistan
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posted by George Cassiel @ 12:01 da manhã |
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terça-feira, janeiro 04, 2005 |
Un coeur en Hiver |
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posted by George Cassiel @ 1:18 da tarde |
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segunda-feira, janeiro 03, 2005 |
Iris Murdoch II |
"Iris Murdoch: A remarkable literary talent
Iris Murdoch had a literary career of remarkably consistent success. Her novels won numerous awards, including the Booker and Whitbread Prizes, and three of them were adapted for the West End stage.
She was born in Dublin of Anglo-Irish parents, and was an only child.
But she spent just a year in Ireland, apart from her early holidays, and was brought up in London.
Iris Murdoch tried to convey 'the unique strangeness of human beings'
She went to the Froebel Institute and to Badminton School before reading classics Somerville College, Oxford.
After a spell at the Treasury during the war she spent four years working in UN refugee camps, before returning to Oxford to teach philosophy at St Anne's College.
She published her first book, an introduction to the philosophy of Sartre, in 1953, and 12 months later, at the age of 35, her first novel, Under the Net.
It was an immediate success, and was still in print 25 years later.
She followed it during the next few years with The Flight from The Enchanter, The Sandcastle and The Bell.
All Iris Murdoch's novels had solidly-constructed and complex plots and firmly-defined, if often odd, characters.
She once said of her work that she tried to convey the unique strangeness of human beings.
Every book she wrote was planned in meticulous detail beforehand
She departed from the Victorian tradition in her use of realism combined with fantasy, with elements of mythology, sometimes of a bewildering sort, and a strong philosophic atmosphere.
The Sacred and Profane Love Machine won the Whitbread Prize in 1974, and four years later she was awarded the Booker Prize for her 19th novel, The Sea, The Sea. She had been short-listed for the Prize several times.
Iris Murdoch also enjoyed success in the theatre. A Severed Head and The Italian Girl were adapted for the West End in the 1960's, and The Black Prince in 1989.
She was still writing in her late 70s. Her 26th novel, Jackson's Dilemma, was published in 1995.
She was a slow writer, and planned every book in considerable detail before making a start. Then she might produce two complete drafts and revise them considerably.
At the same time, her output was remarkably steady, nearly a book a year. A friend asked her once: "How long do you take off between books?", to which she is said to have replied: "About half an hour".
In 1956 Iris Murdoch married John Bayley, a tutor in English at New College, Oxford, and later Warton Professor of English Literature. She was made a CBE in 1976 and a DBE in 1987."
BBC News, 9 Fev. 1999
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posted by George Cassiel @ 1:25 da tarde |
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Iris Murdoch I |
Tom Phillips, Dame Iris Murdoch, 1984-86.
"This picture was painted in the usual corner of my studio in Peckham. Iris is sitting in my usual sitter's chair, half looking out of the window: sometimes, if intriguing people passed by, or dogs (a liking for which we do not share), she would lean out of position to get a better look.
Since Iris lives in Oxford and comes to London only for the occasional crowded day or two, sittings were irregular. The work in fact spanned three years and involved about fifteen sittings in all, each lasting a couple of hours or so with a break or two for coffee.
When I first met Iris (at a dinner party given by Michael Kustow) we talked about Titian's Flaying of Marsyas which we had both just seen at the magnificent Venice exhibition at the Royal Academy. When the National Portrait Gallery commissioned me to paint her portrait I recalled our conversation (about whom we most identified with in the picture) and started a fairly hasty copy of the picture to act as a backdrop so that she might sit in front of the head of Marsyas.
My original image of Iris was quickly formed. She has a luminous presence and the visual metaphor that my head created was of an electric light bulb in that gloomy corner, glowing, casting out darkness. I suppose this is what people of a mystical bent call an 'aura'."
Tom Phillips
Tom Phillips and Iris Murdoch
Photograph by Leo Phillips
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posted by George Cassiel @ 1:17 da tarde |
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Um final de ano imerso em duas leituras:
uma já terminada
... uma simplicidade poderosa!
e outra, ainda em mãos
... um poder imenso infinitamente simples! |
posted by George Cassiel @ 11:44 da manhã |
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de regresso |
atropelado por sensações diversas... uma ano novo, apenas mudança de calendário, que se espera ser também mudança de muitas outras coisas! |
posted by George Cassiel @ 11:33 da manhã |
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GEORGE CASSIEL
Um blog sobre literatura, autores, ideias e criação.
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"Este era un cuco que traballou durante trinta anos nun reloxo. Cando lle
chegou a hora da xubilación, o cuco regresou ao bosque de onde partira.
Farto de cantar as horas, as medias e os cuartos, no bosque unicamente
cantaba unha vez ao ano: a primavera en punto."
Carlos López, Minimaladas (Premio Merlín 2007)
«Dedico estas histórias aos camponeses que não abandonaram a terra, para encher os nossos olhos de flores na primavera»
Tonino Guerra, Livro das Igrejas Abandonadas |
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