quinta-feira, janeiro 06, 2005 |
A Livraria Buchholz, lugar de referência do nosso (pequeno) universo cultural encontra-se em situação de pré-falência |
Acordado por esta notícia sobre a Buchholz em diversos jornais, depois do alerta do Miguel, reproduzo o texto a que o Francisco José Viegas faz referência:
«Agradece-se a todos quantos a frequentaram que a voltem a visitar, de vez em quando. Comprar um livro que não se encontra em mais lado nenhum pode, eventualmente, ajudar a reerguê-la.»
A Buchholz é uma livraria com história. Foi fundada em 1943 pelo livreiro alemão Karl Buchholz, que deixou Berlim depois da sua galeria de arte e livraria terem sido destruídas pelos bombardeamentos. A actividade de Buchholz era incompatível com o regime de Berlim, nomeadamente a venda de autores considerados proscritos, como Thomas Mann. No entanto, a relação de Buchholz com o regime era algo dúbia pois tanto compactuava em manobras de propaganda alemã como salvava da fogueira obras de Picasso e Braque, condenadas pela fúria nazi.
No início, a livraria estava situada em Lisboa na Avenida da Liberdade e só em 1965 se instalou na rua Duque de Palmela. O interior foi projectado pelo próprio livreiro ao estilo das livrarias da sua terra natal. O espaço estende-se por três andares unidos por uma escada de caracol, com recantos e sofás que proporcionam uma intimidade dos leitores com os livros. A madeira das escadas, chão e estantes torna o espaço acolhedor e agradável.
Hoje, a galeria continua a ser uma referência cultural com um público fiel que preza o espaço de convívio que a livraria sugere. A selecção dos títulos é vasta e inclui várias áreas: artes, ciência, humanidades, literatura portuguesa e estrangeira, livros técnicos e infantis, na cave funciona uma secção de música clássica e etnográfica. Apesar de não ser especializada em nenhuma área, a secção dedicada à ciência política é frequentada por muitos políticos da nossa praça. A Buchholz acolhe ainda eventos especiais como lançamentos de livros, sessões de leitura, e o "Domingo Especial" que são os saldos anuais da livraria, uma vez por ano, no último domingo de Novembro. Na Buchholz on-line pode percorrer as estantes da livraria sem sair de casa e ainda encomendar livros nacionais e alguns estrangeiros.
Importa dar atenção aos desafios lançados
no Glória Fácil: ("Parece-me é que os amantes dos livros que frequentam a blogosfera (os famosos, os menos famosos e os anónimos), juntos com os editores mais a SPA e até as organizações dos jornalistas (sindicato, clube) poderiam, em conjunto com os proprietários do espaço, tentar perceber a origem do problema e estabelecer uma terapia.")
e no Aviz: ("Acredito que só os amigos da Buchholz, ou seja, os seus clientes, aqueles que passaram pelas suas escadas, estantes, livros empilhados, desorganização, maus tratos, labirintos, três andares, inutilidades & raridades, pequenas maravilhas, achados, prazos de entrega, presenças do Assis Pacheco, poderão decidir o destino da livraria. Pessoalmente, penso que o encerramento da Buchholz, se vier a confirmar-se, constitui uma perda para a geografia cultural de Lisboa. O mercado é fatal e uma livraria também funciona no interior dessa maquinaria. Simplesmente, acho que os seus clientes podem fazer um esforço suplementar.")! |
posted by George Cassiel @ 9:56 da manhã |
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GEORGE CASSIEL
Um blog sobre literatura, autores, ideias e criação.
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"Este era un cuco que traballou durante trinta anos nun reloxo. Cando lle
chegou a hora da xubilación, o cuco regresou ao bosque de onde partira.
Farto de cantar as horas, as medias e os cuartos, no bosque unicamente
cantaba unha vez ao ano: a primavera en punto."
Carlos López, Minimaladas (Premio Merlín 2007)
«Dedico estas histórias aos camponeses que não abandonaram a terra, para encher os nossos olhos de flores na primavera»
Tonino Guerra, Livro das Igrejas Abandonadas |
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