quarta-feira, maio 31, 2006 |
A Manhã está a chegar |
A manhã está a chegar, os lobos afastam-se das aldeias regressam ao negro das florestas e os bêbados tentam ainda forçar a entrada num bar. A claridade nos olhos da rapariga
não deixa ninguém abandonar a última mesa e ir para casa. O homem casado pergunta «onde deixei eu a minha vida?» o homem solteiro responde «meu amigo, não há vida senão a conta».
A manhã está a chegar, a tristeza dos que acordam não deixa dúvidas, nem sequer o desespero dos que se não querem deitar. Há lobos que não comeram,
que não sentiram o medo da vítima mas o cansaço vence-os à mesma Hão-de dormir como se tivessem cumprido aquilo para que vivem. Pois a manhã está a chegar.
Paulo José Miranda, in O Tabaco De Deus, Cotovia, 2002 |
posted by George Cassiel @ 5:12 da tarde |
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Prémio Príncipe das Astúrias |
Mesmo em ano (da edição portuguesa) de livro menos conseguido, Paul Auster recebe prémio Príncipe das Astúrias:
"Paul Auster ha sido galardonado con el Premio Príncipe de Asturias de las Letras 2006, según hizo público hoy en Oviedo el Jurado encargado de la concesión del mismo.Considerado uno de los escritores estadounidenses más relevantes de su generación, Paul Auster ha creado un universo literario en torno al azar y la búsqueda de la identidad, donde realidad y fantasía invaden los espacios cotidianos del hombre." Aqui. |
posted by George Cassiel @ 11:31 da manhã |
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E as misturas continuam! |
No Blog Tomas Hotel, de Buenos Aires: Fútbol y literatura"La que sigue es una crónica (más un generoso análisis, jugador por jugador, demasiado generoso en lo que me toca) de la primera parte del desafío futbolístico interprovincial de escritores, Córdoba (12) - Buenos Aires (11). Desde ya, quede agradecida la enorme hospitalidad de nuestros rivales. Será difícil estar a la altura en septiembre, cuando se lleve a cabo el partido de regreso en Capital. Lo intentaremos. Resta decir que debido a las bajas de Llach, Cucurto y el Paragua (por fortuna el tanque Lloyds fue de la partida, aunque no lo anunciara la prensa local) a último momento, el equipo porteño jugó mal dormido y sin suplentes, al borde del accidente cerebrovascular. Todos talentos que de seguro serán de la partida durante la revancha, donde va a haber césped sintético en lugar de tierra (en el Abasto, amigos cordobeses, la pelota dobla, aunque no se manche)."A dita crónica, aqui. |
posted by George Cassiel @ 10:27 da manhã |
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Perdido num mundo de Garcia Marquez |
Esta Évora teria lugar no realismo mágico do autor: "(...) Dejo al malabarista y sigo caminando, llego a la catedral, músicos, invitados, un coche de caballos espera a los novios. Cuando estos salen, uno de los caballos cae al suelo, muerto en ese mismo instante. Los músicos y los invitados vitorean y saludan, ajenos a esa pequeña tragedia. Entro en un bar y un señor pide un bocadillo de jamón y queso; antes de comérselo lo bendice y dice una pequeña oración, mientras se bebe un zumo de piña. A estas alturas pienso que todo esto puede ser una insolación. Pero todo continua, llego a una estación de tren, pequeña pero preciosa, alejada de los lugares habitados. Tiene un bar que curiosamente, a pesar de la lejanía, esta lleno de gente. Pregunto: ¿Cuándo pasa el próximo tren?. Contestación: hace cuatro meses que no pasa ningún tren. Ahora si que me quede descolocado, parecía que toda aquella gente que bebía y charlaba llevara cuatro meses esperando el paso del próximo tren. Me siento en un banco de la estación y veo salir al camarero con una pequeña cesta de mimbre, entra en un local que pone “Material Ferroviario” y sale con la cesta llena de huevos. ¡Ahora si que pienso que he estado paseando demasiado al sol!. (...)" É de ler tudo, ou não fosse este blog de um narrador! |
posted by George Cassiel @ 9:50 da manhã |
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Shohei Imamura |
Realizador japonês Shohei Imamura morre aos 79 anos
O realizador japonês Shohei Imamura, duas vezes vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, morreu hoje aos 79 anos. Considerado frequentemente como o melhor realizador japonês desde a morte do lendário Akira Kurosawa, Imamura foi uma das principais figuras do «novo cinema» nipónico dos anos 60, afastando-se dos temas clássicos para se centrar nas personagens do submundo urbano.
Imamura recebeu o prémio principal do Festival de Cannes com «A Balada de Narayama», em 1982 e «A Enguia», em 1998.
A obra do cineasta também inclui «Chuva Negra», uma longa-metragem sobre as sequelas da bomba atómica de Hiroshima.
in Diario Digital. |
posted by George Cassiel @ 3:52 da tarde |
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"As Misturas fazem-me mal"! |
Alemanha: Mundial de Jovens Poetas reune 32 autores em Junho
Os escritores José Luís Peixoto e Ondjaki vão representar Portugal e Angola, respectivamente, no Mundial de Jovens Poetas, que se realiza de 3 a 5 de Junho na Alemanha, país que vai acolher o Mundial de Futebol. No Mundial literário, como no futebolístico (que se realiza de 9 de Junho a 9 de Julho), «vão estar representados 32 países, o que permitirá um intercâmbio de autores muito interessante», revelou José Luís Peixoto à agência Lusa.
O escritor vê o encontro no teatro Mülheimer Theatertage NRW, na cidade de Mülheim, como uma oportunidade de «conhecer escritores de países como o Irão ou a Coreia, que raramente se deslocam a outros encontros literários».
No Mundial de Jovens Poetas cada convidado terá de apresentar a sua peça de música favorita, dar a conhecer o seu trabalho literário e ler - na língua materna - parte da peça «Endgame», de Samuel Beckett.
Poetas de países como o Togo, Trinidad e Tobago, Gana, Ucrânia, Costa do Marfim, Croácia, Equador ou Tunísia devem formar quatro equipas de oito elementos cada para mostrar a sua literatura num estilo de «competição amigável».
José Luís Peixoto - que escolheu como música o tema «Quando os nossos corpos se separaram», cuja letra escreveu para o grupo A Naifa - vai apresentar na Alemanha «um texto sobre crianças a jogar futebol de rua no Alentejo e excertos do romance Nenhum Olhar», revelou.
Por seu lado, Ondjaki declarou à Lusa que vai escolher «uma música angolana e seleccionar trechos de Bom Dia Camaradas».
Os dois escritores mostraram-se satisfeitos por representar os respectivos países e pelas vantagens que um encontro deste género possibilita.
«É sempre positivo representar Portugal e este Mundial vai permitir mostrar uma parte da literatura e da música portuguesas e pode abrir portas a iniciativas futuras», afirmou Peixoto, autor dos livros de poesia «A Criança em Ruínas» e «A Casa, a Escuridão».
Ondjaki - que escreveu os volumes de poesia «Actu Sanguíneu» e «Há Prendisajens com o Xão» - considerou que «é sempre bom ir em nome pessoal e de Angola».
Em declarações à Lusa, o autor angolano classificou de «louvável» a iniciativa da Alemanha que, a partir de um Mundial de futebol, «vai colocar em contacto poetas de 32 nações, que assim vão poder partilhar e divulgar a cultura dos seus países».
À margem das sessões públicas do Mundial de Jovens Poetas, os autores presentes na iniciativa vão travar conhecimento com uma das equipas que participam no Mundial de Futebol 2006.
Diário Digital / Lusa |
posted by George Cassiel @ 3:49 da tarde |
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Marginais |
"No fundo o que é um maluco? É qualquer coisa de diferente, um marginal, uma pessoa que não produz imediatamente. Há muitas formas de a sociedade lidar com estes marginais. Ou é engoli-los, transformá-los em artistas, em profetas, em arautos de uma nova civilização, ou então vomitá-los em hospitais psiquiátricos." António Lobo Antunes Público, 18.10.1992 |
posted by George Cassiel @ 2:25 da tarde |
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segunda-feira, maio 29, 2006 |
"Uma vez ensaboei-me com um poema da Sophia que espreitava de um búzio na banheira" |
Alberto Serra num texto perfeito, aqui. |
posted by George Cassiel @ 12:20 da tarde |
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sexta-feira, maio 26, 2006 |
Bom fim de semana |
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posted by George Cassiel @ 5:34 da tarde |
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Há quem edite... |
Andar entre libros La lectura literaria en la escuelaTeresa Colomer Ed. Fondo de Cultura Económica Do editor: Convencida de que los libros son los mejores colaboradores de los maestros en la educación lectora y literaria, Teresa Colomer con 'Andar entre libros' intenta contribuir a la construcción de un marco de actuación educativa que se alimenta tanto de los avances teóricos como de la aplicación práctica. El libro está organizado en dos partes. La primera se dedica a los tres aspectos que interactúan en el proceso de la educación literaria: la escuela, los lectores y los libros; la segunda plantea la interrelación de estos elementos con cuatro posibilidades de lectura que ayudan a los docentes a programar sus actividades de animación lectora: las lecturas individual y colectiva, su expansión a distintas áreas del conocimiento, así como la escuela como guía experta en la interpretación de los textos. 'Andar entre libros' constituye una obra de consulta esencial para quienes se interesan en innovar sus actividades de promoción de la lectura dentro de las aulas e incluso fuera de ellas, pues describe "la manera en que tanto libros como docentes trabajan en conjunto para elaborar un itinerario de lectura que permita transitar a las nuevas generaciones hacia las posibilidades de comprensión del mundo y disfrute de la vida que abre la literatura". |
posted by George Cassiel @ 12:42 da tarde |
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Diz-se! |
"Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas." Manoel de Barros |
posted by George Cassiel @ 12:38 da tarde |
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quinta-feira, maio 25, 2006 |
Aos 744 dias de vida este blog muda de imagem |
... preocupações próprias da idade! |
posted by George Cassiel @ 2:17 da tarde |
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Panteão Cassiel... dois anos depois: |
Thomas Bernhard
WG Sebald
Robert Walser
Alguns dos autores que mais passaram por aqui. |
posted by George Cassiel @ 10:15 da manhã |
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2 anos e 14 dias... |
A data passou, ficam as letras e as palavras... este blog já tem mais de dois anos! Desculpem! |
posted by George Cassiel @ 10:06 da manhã |
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Paulo Francis |
"E o enlouquecedor, quase homicida, para mim, são as coisinhas, os envelopinhos indecifráveis disso e daquilo, os bolinhos, as comidinhas, colherzinhas, servidas por aquelas moças com cara de recepcionistas de dentista (um sorriso que sugere sadismo por procuração). Eu já derramei mesas mil, lambuzei bolo de chocolate nas paredes etc. E uma namoradinha minha, entre Milão e Paris, fez melhor, quebrou logo a mesinha, virando o copo de uísque no uniforme da aeromoça (infelizmente uísque não mancha)." Paulo Francis
Paulo Francis, oportunamente lembrado por FJV a propósito de "Trinta Anos Esta Noite". |
posted by George Cassiel @ 9:42 da manhã |
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quarta-feira, maio 24, 2006 |
Afinal... |
Luandino Vieira recusa galardão Na TSF online:
"O escritor angolano Luandino Vieira, Prémio Camões 2006, recusou aceitar o galardão, no valor de cem mil euros, invocando «razões pessoais». ( 14:00 / 24 de Maio 06 )
O escritor Luandino Vieira, Prémio Camões 2006, recusou aceitar o maior galardão da língua portuguesa. Numa nota de imprensa, o Ministério da Cultura adianta que o escritor invocou «razões pessoais e íntimas» para justificar a recusa do prémio. O Prémio Camões 2006, no valor de cem mil euros, foi atribúido sexata-feira passada a Luandino Vieira. Entretanto, a escritora Agustina Bessa-Luís, que integrou o júri do Prémio Camões e votou a favor do escritor cabo-verdiano Germano de Almeida, considerou «respeitável» que Luandino Vieira tenha recusado o galardão. Agustina Bessa-Luís sublinhou que «ninguém deve tecer juízos» à recusa do prémio por parte do escritor Luandino Vieira, já que se trata de um «direito próprio». " |
posted by George Cassiel @ 3:14 da tarde |
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Eduardo Galeano |
A recém-chegada Editora Livros de Areia prepara-se para editar "Futebol, sol e sombra" de Eduardo Galeano! No site da editora: "Eduardo Galeano nasceu em Montevideo, Uruguai, em 1940. As sucessivas ditaduras militares na América Latina durante os anos 60 e 70 obrigaram-no a um exílio político que durou até 1985, ano em que regressou ao Uruguai, onde vive hoje. Jornalista, romancista e poeta, tem uma extensa obra publicada, alguma dela premiada: Prémio Casa de las Américas (1975 e 1978), Prémio Aloa (1993, pela associação de editores dinamarqueses). A sua trilogia "Memória do Fogo" recebeu o American Book Award em 1989."
"Futbol al sol y sombra", uma visão apaixonada, caleidoscópica, íntima e levemente melancólica do futebol (um futebol heróico e mítico, que o autor crê ter já desaparecido), foi traduzido em vários países, sendo já uma obra de referência pela união perfeita entre a concisão jornalística e um depurado estilo poético.
"Escrito com fina precisão, este livro resplandece de imagens [...] e merece a maior quantidade de leitores" (Peter Davies, The Independent) |
posted by George Cassiel @ 10:07 da manhã |
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Notas breves |
José Agostinho Baptista - Prémio de Poesia APE com "Esta Voz é Quase o Vento" (Assírio & Alvim)
José Luís Tavares - Prémio Jorge Barbosa da Associação de Escritores Caboverdeanos, com "Agreste Matéria Mundo" (Campo das Letras)
Luandino Vieira - Prémio Camões
Dúvidas? Nenhuma! Para conhecer melhor?: feiras do livro um pouco por todo o país... ou então no seu livreiro habitual.
(adenda: prémio D. Diniz aqui) |
posted by George Cassiel @ 10:02 da manhã |
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Atenção: segredo! |
São, neste momento, precisamente 9h55m! E, por favor, não comentem com ninguém. |
posted by George Cassiel @ 9:55 da manhã |
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terça-feira, maio 23, 2006 |
Quem anda por aqui... |
e que vale a pena visitar: A a Z de Nuno Júdice.
É na terra que se encontra a matéria do poema, sob estes dedos que afastam pedras e ramos para chegar à raiz das coisas, mesmo que um carreiro de formigas se meta pelo meio, ou ervas mortas saltem de dentro de torrões. Ao fundo, onde as amigas conversam de assuntos da vida, e uma lembrança de cidade rompe o hímen da natureza, o céu fecha a estrofe; e não é preciso procurar um rasto de avião por entre as nuvens para saber que o horizonte não existe, ou que a terra é tão redonda como este fruto que a mulher colhe, com os olhos, ao pensar que o seu corpo se poderia transformar em árvore. Neste inverno, porém, limita-se a examinar os caminhos de deus, que se metem pela terra, como a água da chuva; e desejaria segui-los, até ao mais fundo dos subterrâneos, oferecendo o ventre a uma gestação de primavera. As amigas, porém chamam por ela; e lembram-lhe que o seu lugar não é entre os mortos, mas nesse ângulo que toca a luz nascente, onde ela vê a primeira paisagem do dia, e as modificações que se fazem no mundo quando sacode as mãos, e regressa à vida. |
posted by George Cassiel @ 2:15 da tarde |
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Recomendado |
O Blog Lector Ileso: "Diario de entusiasmos literarios subjetivos sin rigor: críticas sin criterio de novelas, poemas, artículos, eventos,... Parole, parole, parole." |
posted by George Cassiel @ 11:34 da manhã |
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Exemplos que vêm de perto |
Manuel Bragado num artigo do Faro de Vigo: Outra TVG é posible
"Especialmente significativos son os cambios introducidos na programación cultural, que aumentou non 40%". MANUEL BRAGADODe vagariño, sen excesivas estridencias, ao abeiro do novo tempo político, vaise consolidando na TVG un esperanzador cambio na grella da súa programación e no seu tipo de xestión empresarial. Tras máis de vinte anos de funcionamento, a máis poderosa e custosa ferramenta coa que o país se dotou no período autonómico para dinamizar, defender e normalizar a lingua e cultura nosas, recupera o seu proxecto fundacional de servizo público e medio de información plural, de entretemento e educación para todos os cidadadáns galegos. No marco actual da selva televisiva comercial, onde, a pesar da importante ampliación da oferta de canles, homoxeneizouse o discurso informativo e intensificouse a chocalleirada máis groseira, non é doado ofrecer un produto televisivo público de calidade que consiga manter, ao mesmo tempo, uns índices de audiencia competitivos e unhas contas saneadas. A baixa calidade da maioría dos programas das cadeas de televisión europeas e estadounidenses, feito no que coinciden todos os observadores, débese a que durante a última década a televisión transformou radicalmente a súa finalidade, pasando de ser un espazo de información e entretemento ao máis poderoso soporte publicitario co que conta o mercado globalizado. Patrick Le Lay, presidente da TF1 (unha das emisoras privadas francesas líderes) expresou esta pretensión de forma tan abrupta como contundente: "O oficio de TF1 consiste en axudar a Coca Cola a vender o seu produto. Agora ben, para que unha mensaxe publicitaria sexa percibida, cómpre que o cerebro do telespectador estea dispoñible. As nosas emisións teñen por vocación, a tarefa de facelo dispoñible. O que vendemos a Coca Cola é tempo de cerebro humano dispoñible". Máis claro, auga; hoxe as finalidades primeiras das televisións son vender publicidade (entre quince e dezasete minutos de cada hora de programación nos EE.UU.) e obter os maiores beneficios para os seus propietarios (velaí como Berlusconi alicerzou o seu imperio). O demais serían andrómenas. Nun contexto comunicacional internacional tan desfavorable e desacougante como o descrito e arrastrando unha herdanza de xestión viciada, tras dezaseis anos de férreo control informativo e de programación intencionadamente aldeanizante, reconducir por vieiros de calidade e independencia á programación e xestionar con excelencia as contas da TVG semellaría unha empresa moi dificilmente exitosa. Porén, este é o proxecto rexenerador dos actuais responsables empresariais da CRTVG, determinados con afouteza a desenvolver a fantasía de que outra TVG é posible. Reinventar a programación para conectar, tamén, cos sectores urbanos (practicamente expulsados da pantalla na etapa anterior), aumentar sensiblemente a programación cultural e infantil (rotineira e depauperada ata agora) e potenciar a produción propia (o que supoñerá importantes aforros) preséntanse como as primeiras mudanzas na ambiciosa viraxe da nova TVG. Especialmente significativos son os cambios introducidos na programación cultural, que aumentou desde o mes de xaneiro xa nun corenta por cento, organizada en base a sete programas semanais que abranguen dende a actualidade cultural ("Miraxes", dous programas na fin de semana), literaria (o magnífico "Libro aberto"), cinematográfica ("Planeta cine" e "Onda curta") e musical ("Sempre clásica" e "Alalá", dedicado á música tradicional). Outrosí pode dicirse da programación dedicada aos nenos e nenas, duplicada no tempo de emisión, potenciada con novos espazos ("Planeta fantasía", unha orixinal aposta por promover a lectura en galego entre os picariños de catro a oito anos) e dignificada na ubicación da grella, cun horario máis sensato para o veterano "Xabarín". Programación enriquecida, tamén, sensiblemente con espazos tan interesantes como "Hai debate" (a pluralidade e a liberdade de expresión como algo revolucionario en Galicia), "Cifras e letras", "Galicia documental" ou "Rec Cámara" que demostran que facer outra televisión en galego é posible e compatible con acadar índices de audiencia e contratación publicitaria máis que dignos. Mudanzas esperanzadoras que sen dúbida deberán ser intensificadas coa posta en marcha modestamente dunha segunda canle (cultural e deportiva) no cuarto trimestre deste ano. Os cambios na TVG son vagarosos e difíciles, moi difíciles; as resistencias e as inercias de parte do propio persoal e os intereses das empresas do sector audiovisual moi poderosas; mais o novo camiño emprendido semella, contra vento e maré, non ter volta. Somos moitos os que nestes últimos meses volvemos conectar con máis frecuencia a TVG, reconciliándonos coa nosa mellor pantalla de futuro. Por favor, non teñan medo, miren con ollos críticos esta luminosa nova TVG. |
posted by George Cassiel @ 10:06 da manhã |
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segunda-feira, maio 22, 2006 |
Um Mestre em mãos |
"Seize the Day (1956), Bellow’s most read book, is a sober and deliberate retreat from the exuberance of The Adventures of Augie March. While it has all the surface appearance of a “victim novel,” it has only some of its pessimistic conclusions. The world of this novel is an urban wasteland replete with the sepulchral Hotel Gloriana. Out of work as a salesman, and estranged from his wife and children, Tommy Wilhelm finds himself nearly penniless in early middle age. As a young man he has rejected his father’s profession, medicine, tried out for a career in Hollywood, been tricked by a phony talent scout, ended up in sales and lost his district due to his boss’s nepotism. He is Bellow’s version of the classic schlemiehl of Yiddish folklore. In the dreadful Hotel Glorianna, amidst the aging capitalist fathers of a previous era, Tommy becomes aware that he has failed to fulfill their notions of masculine achievement. However, while he has failure to accomplish the American capitalist dream, he appears to be cultivating alternate values of love, feeling, compassion, and non-competition. Ultimately Tommy is conned not only out of his remaining cash, but also almost out of human hope as well. Some reviewers have called Tommy Wilhelm pathetic, while others called him heroic. Some were dismayed with book’s tight organization and seemingly modern aesthetic. Others praised it for its concentration, intensity, and focused crescendo. Years later, Bellow told interviewer that he was appalled at the philosophical immaturity of Augie March and wrote Seize the Day in an attempt to transcend its effusive and emotional limitations. It was possibly written before The Adventures of Augie March at the same time as the first two “alienation” novels, though Bellow has never more than hinted at this. Despite its alienation formulas, many critics read the novel as counterpointing death and despair with psychic renewal and spiritual survival. They suggest that despite Tommy’s experience of victimage, mass society, absurdism, and modernist metaphysics, Bellow is clearly shaping a fiction of hope. His devilish morality play figure, Dr. Tamkin, who spouts absurdist philosophy, mangled Freudianism, alienation ethics, and cheap nihilism to Tommy, is presented as a charlatan and a physical grotesque. While Tommy longs for accessible, sensible truths, Tamkin assures him there are only crooked lines. When Tommy asks him where he gets his ideas from, Tamkin becomes the butt of one of Bellow’s funniest jokes: “I read the best of literature, science, and philosophy,” he says. In his carpe diem sermon, in which Tamkin tells Tommy to take no thought for tomorrow because the past has no value and the future is an impending nightmare. In spite of his wife’s, his employer’s, his father’s, and Tamkin’s betrayal of him, Tommy, in this reading seems naively determined to “recover the good, things, the happy things, the easy tranquil things of life [. . . ].” Things were too complex, but they might be reduced to simplicity again.” His final emotional climax, such critics argue, is not bitterness at betrayal, but the achievement of love for all the lurid, imperfect people like himself whom he discovers in the underground subway in Chicago and in the funeral parlor. It is also the novel in which the seeming-orphanage of Joseph, Asa, and Augie, develops into an in-depth treatment of the failure of a father-son relationship. Dr. Adler, the highly successful, but narcissistic, arrogant old surgeon, spurns his son’s emotional pleas for nurturance and financial help. Embarrassed by Tommy’s repeated failures, he lies to his friends in the retirement home of his son’s financial prowess. Dr. Adler clearly refuses to validate any other form of masculine achievement other than financial. Into his character Bellow invests hostility and moral reproach.
Though Tommy has failed at marriage, fatherhood, money, and status, Bellow has given him all the right instincts for spiritual survival and social contract as he identifies with the countless unknown others with whom he shares the human plight. It is knowledge, Bellow insists, that resides within the sufficiently humanized soul, and requires no elaborate acquaintance with either philosophy or the world of crass commerce. In this book, Bellow also continues his protest against destructive, American capitalist codes of masculinity which eclipse the contemplative and the poet whose truer achievements will be sensibility and filiation. Significantly, contemplative and poet alike are conceived as male in the Bellow canon. " |
posted by George Cassiel @ 1:24 da tarde |
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22 de Maio de 1859 |
Nasceu Sir Arthur Conan Doyle. |
posted by George Cassiel @ 1:14 da tarde |
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E porque vale sempre a pena descobrir um tesouro... |
Livraria O Navio de Espelhos, Aveiro, Feira do Livro |
posted by George Cassiel @ 10:44 da manhã |
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quarta-feira, maio 17, 2006 |
Relato de Paulo José Miranda sobre São Paulo |
"Segunda-feira (relato de um recolher obrigatório informal ou o dia em que a cidade que não pára, PAROU, devido aos ataques do PCC – Primeiro Comando da Capital)
Após um fim de semana de violentos ataques a esquadras da polícia, dos bombeiros, autocarros, metro e civis, revoltas em inúmeras prisões, a chegada da segunda-feira e a necessidade dos cidadãos terem de ir trabalhar, levou a que este dia São Paulo tenha assistido ao pior dia da sua história. Nunca os cidadãos desta cidade se tinham sentido reféns do terror, do medo como nesta segunda-feira. De madrugada inúmeros autocarros e carros foram incendiados, agências bancárias destruídas e havia manchas de sangue espalhadas por muitas partes da cidade. Quando os cidadãos mais pobres se dirigem à paragens de autocarros para irem trabalhar deparam-se com a inexistência de circulação de autocarros. Até ao momento tinham sido destruídos mais de 50 e as empresas não arriscaram enviar mais veículos para as ruas. Devido a isto, o rodízio municipal foi anulado (sistema de circulação de viaturas, por número de matrícula), permitindo que circulasse quem quisesse, independentemente da matrícula do carro. Depois do almoço, numa entrevista na TV, Marcola, chefe do PCC, diz ao director do DEIC, da polícia, que vai matá-lo, que ele pode entrar na sua delegacia para matá-lo, mas este não pode entrar na prisão e fazer-lhe o mesmo. A tensão atinge então a sua máxima amplitude. Ninguém se sente seguro. Os estabelecimentos comerciais fecham suas portas às 3 e meia da tarde. Os serviços públicos também param; os funcionários são enviados para casa. O metro, que de madrugada tinha sido alvo de explosões, deixa de trabalhar. Neste recolher obrigatório informal a casa, São Paulo assiste ao record máximo de fila de carros: 212 km de fila de carros, às 4 da tarde. 212! O método usado pelo PCC nos seus ataques é, fundamentalmente, através de motoqueiros; muitos deles são devedores de dívidas de droga, e se não fizerem esses ataques, morrem. Entre morrer às mãos dos traficantes ou às balas dos policiais, preferem a última hipótese, pois ela ainda pode representar uma esperança, unto do PCC. Outros ataques, são ataques mais cirúrgicos: um dos comandos se aproxima de um policial em particular e dispara a arma na sua nuca, ou nos seus familiares. Em frente a uma padaria, na zona sul da cidade, um policial, com sua mulher ao lado, ajoelhou-se diante de dois comandos e foi executado. Os bandidos comunicam as suas instruções por telemóvel; a maioria vem de dentro dos presídios. Um telemóvel mata mais que um revólver ou que uma AK. Às 7 da tarde as ruas estão desertas e, a essa mesma hora, o comandante da polícia militar de São Paulo, Sancler, dá uma conferência de imprensa onde acusa os órgãos de comunicação social de exagerar o que estava a acontecer; acusa também os comerciantes de se precipitarem a fechar os estabelecimentos mais cedo e acusa ainda os responsáveis pelas escolas e faculdades de terem tomado a decisão de enviar os alunos para casa e fecharem as portas. Às 9 da noite a cidade está mergulhada num escuro inimaginável. Um escuro que a cidade de São Paulo desconhecia que tinha dentro dela. Na zona norte da cidade, um condomínio onde vivem vários familiares de policiais começa a ser atacados. A troca de tiros continua, as mortes aumentam Na zona oeste, onde vivo, um homem é baleado neste mesmo instante, não se sabe se policia ou bandido. Numa das zonas mais ricas da cidade, aqui perto, dois bandidos são baleados. São 185 ataques até ao momento. Até ao fim, até ao acordo que o Governo de São Paulo não admite ter feito, serão 200 ataques 200 ataque, mais de 60 autocarros queimados, 52 criminosos mortos, 43 policiais e civis mortos. Os canais de TV mantêm helicópteros a sobrevoar a cidade toda noite, em comunicação com comandantes da polícia, vamos assistindo à noite, a uma imensa noite desconhecida. Um homem, ao fim do dia, de regresso a casa, dizia “estou com medo dessa bandidagem; ninguém sabe quem é quem, essa é que é a verdade”. Num programa de debate, num dos canais, o presidente dos juízes de São Paulo diz que a legislação deve mudar, deve ser mais severa; é a favor da pena de morte. “A nossa democracia não é mais desenvolvida do que a dos EUA.” Por seu lado, o responsável máximo pela investigação policial, Rebouças, diz que “quando o bandido sente que o governo é fraco, fica forte” Oiço o apresentador do programa dizer: FORAM CONVIDADOS PARA O PROGRAMA O SECRETÁRIO DA DEFESA DO GOVERNO DE SÃO PAULO, O GOVERNADOR DE SÃO PAULO E A RESPOSTA FOI “NÃO VAMOS ENVIAR NINGUÉM!” Perante isto, não sei o que dizer disto, sinceramente. O apresentador, profundamente comovido e indignado, diz: ISTO NÃO É CRIME ORGANIZADO É QUADRILHA ORGANIZADA. Julgo excelente esta contra-posição; esta é a diferença entre as cidades de Istambul ou de Hong Kong e a de São Paulo; quadrilha organizada não poderia funcionar num estado organizado, embora crime organizado exista em estados organizados; quadrilha organizada só pode funcionar em estados desorganizados (não identificar estado organizado com país desenvolvido). Não defendo o crime organizado, mas, apesar de tudo ele é um mal menor, menor do que o das quadrilhas organizadas. O crime organizado não afecta o cidadão comum, nem os policiais. O crime organizado é organizado. “Nós temos as leis mais brandas do mundo” , acrescenta o Juiz..Termino com um curioso episódio. No dia das mães, dia 14 de Maio, no fim de semana dos motins, foram liberados 2000 presidiários para visitarem suas mães. Sei que parece piada, mas é verdade. As prisões estão caóticas, a cidade sitiada e 2000 presos vão festejar este dia especial com as mães. Assim que saíram dos estabelecimentos prisionais onde se encontravam, foram directamente ao PCC buscar armas para poderem combater. Dos 39 bandidos mortos, no fim de semana, 15 eram parte desses visitantes de mães. Por conseguinte, 15 só no domingo. Perante tudo isto, entre comedia e tragédia, o problema é que os pensamentos de direita e de esquerda mais radicais começam a emergir, parecendo fazer sentido a que os escuta. Perante tudo isto, entre comedia e tragédia, é muito difícil pensar contrariá-los, quer á direita, quer à esquerda. A segunda-feira de São Paulo.
NOTA: PCC começou na prisão como time de futebol e chamava-se Comando da Capital. Mais tarde, passaram a ser uma organização de defesa dos direitos dos presos e das usas famílias. Por fim, já enquanto quadrilha, adicionaram o Primeiro, tornando-se o PCC."
Paulo José Miranda São Paulo, 16 de Maio de 2006 |
posted by George Cassiel @ 3:38 da tarde |
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Gonçalo M. Tavares |
Prepara-se para lançar novo livro...
«Três cabides: um para pendurar o casaco, outro para pendurar uma corda já com o nó de enforcado. Outro cabide ainda: o chapéu. Não podes ter o conhecimento integral das coisas. Fumei um cigarro, uma t-shirt branca, a barba por fazer. Atravesso a rua já encasacado. Frio brutal. Pessoas de um lado para o outro a fazerem compras e no meio do passeio um rapaz de tronco nu, no meio deste frio brutal, de joelhos, com o tronco esticado e a cabeça baixa e a mão igual a um cabide, dirigida para a frente e para cima, aberta, a pedir.» (de "água, cão, cavalo, cabeça", Editorial Caminho)
"Claro que podemos errar e não voltar atrás para corrigir o erro porque o erro não é o ERRO o erro só começa no corrigir, errar e avançar não é errar: é avançar; errar e corrigir não é corrigir: é errar." Gonçalo M. Tavares in. " Livro da Dança " assirio & alvim |
posted by George Cassiel @ 3:32 da tarde |
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terça-feira, maio 16, 2006 |
A Sereníssima |
TURNER The Grand Canal, Venice, 1835
A propósito do livro, agora em mãos, escreveu João Céu e Silva, em 2005, no DN: Reviver o passado em Veneza com manuscritos achados num sótão
Romances cujo pano de fundo são Veneza tornam-se preocupantes... Há os que passam a prova e os que ficam pelo caminho, porque é quase impossível tornar o óbvio interessante e a vulgaridade sublime. A Serenissima tem esse problema, uma beleza que - conforme se pode ver na reprodução aqui ao lado - é difícil melhorar face ao original. É claro que temos alguns exemplos de como as águas da laguna podem ensopar uma boa prosa. Aconteceu com Thomas Mann, com vários autores antes e bastantes depois.
Existe até um escrito que, ao lermos este Um Romance em Veneza, nos vem imediatamente à memória. São Os Manuscritos de Jeffrey Aspern, de Henry James, que a Relógio D'Água editou, em versão portuguesa, no ano de 1986.
Aí pode ler-se, no terceiro capítulo, algo assim "A nossa casa estava longe do centro, mas o pequeno canal era 'comme il faut'." E o texto continua desembocando num elogio à voz fraca da dama idosa que, no entanto, possuía um timbre que marcara os ouvidos de Jeffrey. O romance de James foi publicado em 1888 e relata o esforço de um crítico pouco escrupuloso que anda em busca de documentos (de quem dá nome ao livro), oferecendo-nos a interpretação da natureza humana, à luz do olhar americano sobre uma civilização europeia datada.
Neste volume recém-editado, o escritor Andrea di Robilant afasta-se bastante dessa construção - mas há sempre esse paralelismo presente - e o resultado que obtém ao longo de 251 páginas é tão brilhante como o livro antes referido. O que os assemelha é o suportar de todo um texto nas cartas que o seu pai descobrira no sótão de um velho palazzo veneziano e que foram trocadas entre um homem e uma mulher, apaixonados. Apesar de poder parecer existir alguma inverosimilhança neste cenário, a trama que sustenta a história é toda verdadeira e isso torna o desafio literário ainda mais forte. Mas o autor refaz o relato possível de um amor vivido em 1750, com base na correspondência encontrada e com recurso a uma exaustiva pesquisa. Tudo bem sucedido e veneziano... |
posted by George Cassiel @ 4:11 da tarde |
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a escrita |
"O infinito conjunto cósmico do qual fazemos parte não pode ser descrito com palavras e portanto a escrita é um pequeno equívoco sem importância, tão pequeno que nos torna quase mudos."
Enrique Vila-Matas, "Bartleby & Companhia", assirio & alvim |
posted by George Cassiel @ 3:54 da tarde |
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segunda-feira, maio 15, 2006 |
Surpreendente |
Depois de um menos conseguido Paul Auster, em mãos um supreendente Rodrigo Guedes de Carvalho!
"Um belo romance, este de Rodrigo Guedes de Carvalho. Um texto imaginativo, elaborado, que se percebe ser escrito com gosto e problematizado com pensamento vigilante, ligado ao quotidiano por vivências e emoções que revelam a intimidade preciosa do sentir possível a cada um de nós. (...) Rodrigo Guedes de Carvalho surge verdadeiramente como um romancista, encadeia intrigas, entrelaça histórias, exibe um ateia de ficção coesa e intrigante mas com uma simplicidade que seduz o leitor." Maria Alzira Seixo, Jornal de Letras, 30 Agosto de 2005 |
posted by George Cassiel @ 4:56 da tarde |
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quarta-feira, maio 10, 2006 |
Mundos de Pessoa |
Porque importava fazer esta referência aqui (e, incompreensivelmente, ainda não tinha sido feita): o Blog da Casa Fernando Pessoa - importa visitar.
Sente-se no ar a respiração fresca que anima, agora, aquela casa. Parabéns ao seu principal responsável. |
posted by George Cassiel @ 2:00 da tarde |
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terça-feira, maio 09, 2006 |
Prémio Camilo Castelo Branco |
Na Tsf: "O romance «Gastar Palavras», de Paulo Kellerman, publicado pela Editora Deriva, foi esta segunda-feira galardoado com o Prémio Camilo Castelo Branco 2005, anunciou fonte da Associação Portuguesa de Escritores (APE)."
O prémio, instituído pela APE com o patrocínio da Câmara de Famalicão, está na sua 15ª edição e ascende este ano a 5.000 euros. Paulo Kellerman nasceu em 1974, em Leiria, tendo começado a editar ficção no início dos anos 90, na imprensa regional (Diário de Leiria e Região de Leiria). Colaborou ainda na DNA (revista semanal do Diário de Notícias) e no Suplemento Jovem deste mesmo jornal e em vários sítios da internet (Rua de Baixo, DiospiroJoyeux e Storm Magazine). Os seus trabalhos valeram-lhe aliás várias distinções, nomeadamente o prémio especial do júri do Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes e o segundo prémio do Prémio Literário Afonso Lopes Vieira, promovido pela Câmara Municipal de Leiria. Publicou duas obras, «Miniaturas» e «Pequenas Nuvens Solitárias Perdidas no Imenso Azul do Céu», esta última considerada por Fernando Venâncio, escritor e colunista do Expresso, como um dos três melhores livros editados em 2001. Actualmente, Paulo Kellerman é editor da revista literária Cadernos do Alinhavar e do «Fascículo» (edição quinzenal de pequenas brochuras, de distribuição restrita, contendo histórias originais), que já vai no número 52. Trabalha também na organização de eventos culturais, nomeadamente encontros com escritores, na edição de livros e outras iniciativas literárias. Este prémio galardoou anteriormente Mário de Carvalho, Teresa Veiga, Maria Isabel Barrreno, Maria Velho da Costa, Maria Judite de Carvalho, Miguel Miranda, Luísa Costa Gomes, José Jorge Letria, José Eduardo Agualusa, José Viale Moutinho, António Mega Ferreira, Teolinda Gersão, Urbano Tavares Rodrigues e Manuel Jorje Marmelo. |
posted by George Cassiel @ 10:24 da manhã |
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Já cansa... |
sempre a mesma coisa, ou será impressão minha? |
posted by George Cassiel @ 10:22 da manhã |
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Saramago no Guardian |
Still a street-fighting man
In his first interview with an English newspaper, 83-year-old Portuguese novelist José Saramago reveals that his famed radicalism is undiminished
Stephanie MerrittSunday April 30, 2006The Observer
The architecture of José Saramago's purpose-built library, as it rises from a parched hillside on his adopted island of Lanzarote, creates the impression of a modern cathedral. Sunlight splinters through high, narrow windows of opaque glass that stretch the full two storeys; the clean, white walls and cool flagstones contribute to a sense of hushed reverence in the presence of so many volumes, ancient and modern, in so many languages. Here is a shrine to literature, an alternative religion for a Portuguese Nobel laureate, who left his homeland 14 years ago in protest at the government's censorship of his novel, The Gospel According to Jesus Christ (it vetoed its submission for the European Literature Prize on the grounds that it was offensive to Catholics). It takes some effort to believe that Saramago is about to turn 84 - not just because of his vivid physical presence, his barely-lined face and the quickness of his eyes and hands when he talks, but also because of his extraordinary productivity. Although Seeing is published this week in English translation, he has produced another book in the meantime; Las Intermitencias de la Muerte was published last autumn in Portugal, Spain and Latin America (his Spanish wife, Pilar del Rio, translates his books as he goes along so that they can be published simultaneously for his large Spanish readership), and he is now working on an autobiography entitled Peque?Memorias (Little Memories), about his childhood in rural Portugal.
But the image of the venerable novelist shut away in his island retreat, disengaged from the world, could not be further from the truth. Saramago is about to leave Lanzarote for two months of travelling, as he does most years, in part to promote the new novel, but mainly to speak at conferences and presentations on politics and sociology. 'Most of it doesn't have much to do with literature,' he explains, 'but this is a part of my life that I consider very important, not to limit myself to literary work; I try to be involved in the world to the best of my strengths and abilities.' Still a member of the Communist party, Saramago is a vocal opponent of globalisation and many of his best known novels have taken the form of political allegory. Does he believe that the artist is obliged to take on a political role? 'It isn't a role,' he says, almost sharply.
'The painter paints, the musician makes music, the novelist writes novels. But I believe that we all have some influence, not because of the fact that one is an artist, but because we are citizens. As citizens, we all have an obligation to intervene and become involved, it's the citizen who changes things. I can't imagine myself outside any kind of social or political involvement. Yes, I'm a writer, but I live in this world and my writing doesn't exist on a separate level. And if people know who I am and read my books, well, good; that way, if I have something more to say, then everyone benefits.'
Seeing evolved into a kind of sequel to his 1995 novel, Blindness, in which the inhabitants of a republic that may or may not be Portugal are struck by a temporary epidemic of blindness and quickly revert to barbarism. Seeing revisits the same country four years later as it experiences another unprecedented phenomenon: despite the high turnout for the municipal election, when the votes are counted, more than 80 per cent have been returned blank. This wholesale vote of no confidence in any of the political parties makes a farce of the democratic process and the leaders are forced to declare a state of emergency.
'I was giving a talk about my novel, The Double, in Barcelona,' Saramago remembers. 'I have this habit of only talking about my books for a few minutes, then I prefer to spend the time talking about the world in which we find ourselves, a world which is a disaster, and usually I end up talking about the problem of democracy, whether we truly have a democratic system, and I believe that we don't. And in Barcelona, someone asked me, well then, what do you propose? Because I was saying that, in reality, the world is governed by institutions that are not democratic - the World Bank, the IMF, the WTO. People live with the illusion that we have a democratic system, but it's only the outward form of one. In reality we live in a plutocracy, a government of the rich.'
So what was his solution?
'I answered that I didn't have a solution, except that we, as citizens, do have the power of the vote, but we always use it to vote for one or other of the parties on off er. But there is another possibility, which is to cast a blank vote.' He leans forward and points a stern finger. 'And this is not at all the same as abstention. Abstention means you stayed at home or went to the beach. By casting a blank vote, you're saying that you understand your responsibility, you have a political conscience and you came to vote, but you don't agree with any of the existing parties and this is the only way you have of saying so.
'Then I thought about what would happen if the blank votes went up to 50 or more per cent. It would be a way of saying society has to change but the political powers we have at the moment are not enough to effect this change. The whole democratic system would have to be rethought.' He speaks Spanish with a heavy Portuguese inflection, each sentence composed with precision, not at all like the rather breathless, digressive narrative style that has become a hallmark of his novels. Expounding these theories, he comes across as grave and wise, though when he talks about the problems of poverty in Africa or the volatility of most employment, there flares a passionate anger that has fuelled his lifelong commitment to leftist politics.
But there's a twinkle of humour, too, in his mock sternness with his dog as she scuffles around our feet, and a warmth in his exchanges with his wife, who comes in to offer us coffee; as she turns to leave, he impulsively clutches her hand and gives it an affectionate squeeze. I point out that, for all the brave intentions of the blank voters in Seeing, the novel has a bleak end - the authorities simply revert to force, though the protest has been as peaceful as a protest could be; in the end, it seems to have been in vain. I tell him it reminded me of the anti-war demonstrations in London.
'Yes, it all ends badly, because things are not mature,' he says sadly. 'Here in Spain, 90 per cent of the population was against the war and nobody in power was interested. But look what just happened with the employment law in France - the law was withdrawn because the people marched in the streets. I think what we need is a global protest movement of people who won't give up, who won't leave the streets. In Madrid and London, we marched, we did our duty, then we went home and those in power did nothing.
'But we have to keep on demonstrating and demonstrating and demonstrating' - here he breaks into a rich, throaty laugh - 'there's no solution but to say we do not want to live in a world like this, with wars, inequality, injustice, the daily humiliation of millions of people who have no hope that life is worth anything. We have to express it with vehemence and spend days on the street if we have to, until those in power recognise that the people are not happy.'
In a lifetime of political activism, Saramago has witnessed the struggle from various angles. He grew up as the son of landless peasant labourers in a village north east of Lisbon and, although he published his first novel, Land of Sin, at the age of 23, it was another 30 years until he attempted another. In the meantime, he worked successively as a mechanic, civil servant, metalworker, production manager at a publishing house and a newspaper managing editor, until the politico-military coup of 1975 made it impossible for someone of his political colours to find work.
He turned to writing full time, publishing his second novel, Manual of Painting and Calligraphy, in 1976, and producing plays, poetry, essays and newspaper columns until his 1982 historical novel, Baltasar and Blimunda, brought him international recognition. His most successful novels were all written when he was in his sixties and he won the Nobel Prize in 1998, at the age of 76. Why, after so many years and excursions into different genres, did he decide that the novel was the best form for the ideas he wanted to express?
'I think the novel is not so much a literary genre, but a literary space, like a sea that is filled by many rivers. The novel receives streams of science, philosophy, poetry and contains all of these; it's not simply telling a story.' Saramago is often described as a pessimistic writer. I ask if he feels genuinely pessimistic about the future or if he thinks there could be hope for the left?
'We're not short of movements proclaiming that a different world is possible,' he says, heavily, 'but unless we can co-ordinate them into an organic international movement, capitalism just laughs at all these little organisations that do no damage. The problem is that the right doesn't need any ideas to govern, but the left can't govern without ideas. It's very difficult.
'At 83, I don't hope for much, but you are young, you have to keep a perspective. I don't think this novel is going to change the world, but look - those in power are there because we put them there. If they don't get it right, then out! And let others try. There are plenty of reasons not to put up with the world as it is, and if the book has any kind of message, I suppose that's it.'
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posted by George Cassiel @ 10:17 da manhã |
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Loucuras |
Pode ler-se um autor por hábito? Será loucura fazê-lo, quando tantos outros haverá para ler, certamente mais interessantes?! É assim que vou continuando fiel a Paul Auster. No entanto mais moderado: esperei pela edição portuguesa e não me agarrei de imediato à primeira edição americana, como era hábito: As Loucuras de Brooklyn, na Asa: " Tendo como pano de fundo as polémicas eleições americanas de 2000, As Loucuras de Brooklyn conta-nos a história de Nathan e do seu sobrinho Tom. Divorciado e afastado da sua única filha, Nathan procura apenas a solidão e o anonimato. Por seu lado, o atormentado Tom está a fugir da sua em tempos promissora carreira académica e da vida em geral. Acidentalmente, acabam ambos a viver no mesmo subúrbio de Brooklyn, e juntos descobrem inesperadamente uma comunidade que pulsa de vida e oferece uma súbita e imprevisível possibilidade de redenção. Sob a égide de Walt Whitman, desfila neste livro toda a dimensão e multiplicidade de Brooklyn: os personagens típicos de bairro, drag queens, intelectuais frustrados, empregadas de cafés decadentes, a burguesia urbana, tudo isto sob o olhar ternurento que Auster lança da mítica ponte de Brooklyn, sem contudo deixar de orquestrar romances improváveis e diálogos hilariantes, e considerar experiências tão extremas como o casamento entre uma actriz pornográfica e um fanático religioso. As Loucuras de Brooklyn é o mais caloroso e exuberante romance de Paul Auster, um hino inesquecível às glórias e mistérios da vida comum. " |
posted by George Cassiel @ 10:10 da manhã |
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sexta-feira, maio 05, 2006 |
"Sebald’s ambivalence" |
"LABYRINTHS OF MEMORY | In essays, fiction and montage W G Sebald tells of the fate of being a European at the end of European civilisation. Is it worth the struggle to unravel his secrets?" por Madeleine Gustafsson. na Axess
"W.G. SEBALD (Winfried Georg, Max to his friends—like a lot of other things he disliked his first names) came to fiction late, at the age of 46, after a career as a university teacher and essayist. At his death in 2001 he had worked for more than 30 years at the University of East Anglia in Norwich where he held a chair in modern European literature. But the boundaries in his writing are not fixed, and not merely between academic works and literature. The titles of his scholarly books and collections of essays are such that they could easily fit into his fiction: a doctoral thesis on Der Mythos der Zerstörung im Werk Döblins (1980), the essay collections Die Beschreibung des Unglücks (1985) and Unheimliche Heimat (1991), both about Austrian writing, as with the posthumous and partly essayistic Campo Santo (2003). We should include among the essays his book about the massive Allied bombing of German cities in the final stages of the Second World War, Luftkrieg und Literatur (1999, in English On the Natural History of Destruction 2003), which was based on a series of lectures Sebald gave in Zürich in 1997. But the book also discusses his own experiences, not of the bombing but of growing up in a country where the cities for many years looked like stone quarries."
(Ver tudo) |
posted by George Cassiel @ 11:18 da manhã |
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quarta-feira, maio 03, 2006 |
de regresso |
aos posts. |
posted by George Cassiel @ 9:27 da manhã |
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GEORGE CASSIEL
Um blog sobre literatura, autores, ideias e criação.
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"Este era un cuco que traballou durante trinta anos nun reloxo. Cando lle
chegou a hora da xubilación, o cuco regresou ao bosque de onde partira.
Farto de cantar as horas, as medias e os cuartos, no bosque unicamente
cantaba unha vez ao ano: a primavera en punto."
Carlos López, Minimaladas (Premio Merlín 2007)
«Dedico estas histórias aos camponeses que não abandonaram a terra, para encher os nossos olhos de flores na primavera»
Tonino Guerra, Livro das Igrejas Abandonadas |
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