terça-feira, maio 23, 2006 |
Quem anda por aqui... |
e que vale a pena visitar: A a Z de Nuno Júdice.
É na terra que se encontra a matéria do poema, sob estes dedos que afastam pedras e ramos para chegar à raiz das coisas, mesmo que um carreiro de formigas se meta pelo meio, ou ervas mortas saltem de dentro de torrões. Ao fundo, onde as amigas conversam de assuntos da vida, e uma lembrança de cidade rompe o hímen da natureza, o céu fecha a estrofe; e não é preciso procurar um rasto de avião por entre as nuvens para saber que o horizonte não existe, ou que a terra é tão redonda como este fruto que a mulher colhe, com os olhos, ao pensar que o seu corpo se poderia transformar em árvore. Neste inverno, porém, limita-se a examinar os caminhos de deus, que se metem pela terra, como a água da chuva; e desejaria segui-los, até ao mais fundo dos subterrâneos, oferecendo o ventre a uma gestação de primavera. As amigas, porém chamam por ela; e lembram-lhe que o seu lugar não é entre os mortos, mas nesse ângulo que toca a luz nascente, onde ela vê a primeira paisagem do dia, e as modificações que se fazem no mundo quando sacode as mãos, e regressa à vida. |
posted by George Cassiel @ 2:15 da tarde |
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1 Comments: |
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Ah... Ótimo. Belo. Obrigada-
Abraço, Silvia
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GEORGE CASSIEL
Um blog sobre literatura, autores, ideias e criação.
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"Este era un cuco que traballou durante trinta anos nun reloxo. Cando lle
chegou a hora da xubilación, o cuco regresou ao bosque de onde partira.
Farto de cantar as horas, as medias e os cuartos, no bosque unicamente
cantaba unha vez ao ano: a primavera en punto."
Carlos López, Minimaladas (Premio Merlín 2007)
«Dedico estas histórias aos camponeses que não abandonaram a terra, para encher os nossos olhos de flores na primavera»
Tonino Guerra, Livro das Igrejas Abandonadas |
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Silvia