segunda-feira, maio 31, 2004 |
31 de Maio de 1819 |
Nasce Walt Whitman em West Hills, Long Island.
I sing the body electric,
The armies of those I love engirth me and I engirth them,
They will not let me off till I go with them, respond to them,
And discorrupt them, and charge them full with the charge of the soul.
Was it doubted that those who corrupt their own bodies conceal themselves?
And if those who defile the living are as bad as they who defile the dead?
And if the body does not do fully as much as the soul? And if the body
were not the soul, what is the soul? |
posted by George Cassiel @ 5:41 da tarde |
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manifestações de peso no futebol |
se cada português que se deslocasse ao primeiro jogo do Euro 2004 levasse um livro (manifestando-se!...) / presumindo que cada livro pesaria, em média, 200g / que assistiriam ao jogo 30 mil adeptos portugueses / entrariam no estádio do porto 6 toneladas de literatura!
uma espécie de bookcrossing futebolístico... uma manifestação de peso.
mas, certamente, por razões de segurança, a UEFA não deixaria entrar os livros!
atentariam contra a segurança (moral) dos jogadores e do mundo do futebol... algum! |
posted by George Cassiel @ 5:32 da tarde |
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Perdidamente... |
envolvido na leitura. Pontas soltas da feira do livro. Sacos cheios, repletos de textos e. Palavras soltas. Algumas noites menos dormidas no labirinto criado por escritores da minha preferência. Menos tempo para as minhas próprias palavras. textos. expressões rápidas neste blog. |
posted by George Cassiel @ 5:20 da tarde |
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terça-feira, maio 25, 2004 |
25 de Maio de 1911 |
Thomas Mann visitou pela primeira vez o Lido, em Veneza.
E, assim, surge a inspiração...
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posted by George Cassiel @ 4:46 da tarde |
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segunda-feira, maio 24, 2004 |
Ajuda precisa-se! |
Alguém pode explicar o que se passou este fim-de-semana? Com esta coisa da Feira do Livro, esqueci-me que havia uma casamento qualquer lá prós lados de Espanha! Peço desculpa por me ter perdido em coisas menos interessantes - livros - e ter passado completamente ao lado desse grande acontecimento. Percebi pelos jornais e televisões portuguesas que algo de extremamente importante para o nosso país se terá passado em território vizinho... mas não percebi bem porquê! Alguém me ajuda? |
posted by George Cassiel @ 5:01 da tarde |
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Regresso da Feira |
Ainda estou a arrumar, saborear e a descobrir as compras!
... e a recuperar do peso dos sacos! |
posted by George Cassiel @ 4:19 da tarde |
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sexta-feira, maio 21, 2004 |
Faltam 0 dias! |
Vou para a Feira do Livro... até já! |
posted by George Cassiel @ 5:05 da tarde |
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Al Berto - Memória V |
Sem Título e Bastante Breve
Tenho o olhar preso aos ângulos escuros da casa
tento descobrir um cruzar de linhas misteriosas, e
com elas quero construir um templo em forma de ilha
ou de mãos disponíveis para o amor....
na verdade, estou derrubado
sobre a mesa em fórmica suja duma taberna verde,
não sei onde
procuro as aves recolhidas na tontura da noite
embriagado entrelaço os dedos
possuo os insectos duros como unhas dilacerando
os rostos brancos das casas abandonadas, á beira mar...
dizem que ao possuir tudo isto
poderia Ter sido um homem feliz, que tem por defeito
interrogar-se acerca da melancolia das mãos....
...esta memória lamina incansável
um cigarro
outro cigarro vai certamente acalmar-me
....que sei eu sobre as tempestades do sangue?
E da água?
no fundo, só amo o lodo escondido das ilhas...
amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão
Al Berto |
posted by George Cassiel @ 2:14 da tarde |
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quinta-feira, maio 20, 2004 |
Prémio Ler/BCP |
Gonçalo M. Tavares venceu o prémio Ler/BCP.
Um autor que tem tido o apoio da crítica, com uma obra inconstante (entre livros bons e maus vai publicando a um ritmo instenso!), mereceu o aplauso do juri deste prémio.
Talvez de tenha cometido o mesmo erro que o do Prémio Camões: não precisava de ser "lançado", nem reconhecido. Mas, do mal o menos... o rapaz até se tem esforçado.. lá vai melhorando! |
posted by George Cassiel @ 2:11 da tarde |
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A propósito de Herberto Helder |
Sobre um Poema
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne. |
posted by George Cassiel @ 12:50 da tarde |
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Os gostos discutem-se (novamente) |
Há opiniões diferentes da minha... claro está, a do Pedro Mexia!
Salvaguardo a referência do citado a Herberto Helder. Esse sim cabe na galeria dos geniais!
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posted by George Cassiel @ 12:32 da tarde |
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Al Berto - Memória IV |
Truque do Veneno
ofereço-te uma laranja
tenho sempre laranjas escondidas no fundo das algibeiras
berlindes como olhos assustados de pantera, cordéis encerados
bons para estrangular
lâminas doces para abrir sinais de vida sobre a pele
e uma faca quebrada que me ajuda a recordar alguns nomes de cidade
o pior é que nos jogos de laranjas, mesmo nos mais difíceis
quem PERDE GANHA
sabemos que o veneno age sempre dos pés para a cabeça
estonteia
espero, atento à última convulsão
mais tarde, desato o cordel
retiro a faca profundamente enterrada, recuo um pouco
contemplo o sangue e a obra, esvazio as algibeiras
substituo os objectos, descalço as luvas
apago as impressões digitais, falsifico as fotografias
lavo demoradamente o sangue e o esperma da boca
saio para a rua, clandestino
procuro outro puto tardio pela cidade
seduzo-o com a imagem deslavada de uma laranja, recomeço
o inocente jogo
Al Berto |
posted by George Cassiel @ 12:12 da manhã |
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quarta-feira, maio 19, 2004 |
Faltam 2 dias! |
Continua a contagem decrescente para a Feira do Livro! |
posted by George Cassiel @ 4:26 da tarde |
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Agência de Viagens "Fui e Gostei" - I |
My Moleskine «I have always depended on the kindness of strangers.» (Blanche DuBois) |
posted by George Cassiel @ 4:20 da tarde |
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Os gostos discutem-se |
Agustina Bessa-Luís venceu o Prémio Camões 2004!
Eduardo Prado Coelho, Vasco Graça Moura, Heloísa Buarque da Holanda, Zuenir Ventura e Lourenço Rosário, membros do juri do Prémio Camões enganaram-se!
Não gosto do que escreve... Não tenho culpa de ter liberdade para gostar ou não e para o dizer publicamente: não gosto!
Também não acredito que os prémios se devam entregar pela antiguidade, ou pela quantidade, ou pela notoriedade. Devem, isso sim, funcionar como reconhecimento ou como incentivo.
Se de um incentivo a referida autora já não precisava, só posso questionar a razão do reconhecimento pela sua obra. E aí sim... os gostos discutem-se!
Posso explicá-lo mais tarde. Agora aguardo os ataques violentos a este post... ou talvez não!
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posted by George Cassiel @ 3:26 da tarde |
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Salman Rushdie:por isso estamos aqui e não em casa a escrever os nossos livros |
"Não gostamos daquilo que vemos". O Escritor apelou em Barcelona a uma manifestação activa da comunidade literária internacional contra a actual ordem mundial: "pelo menos, os jornalistas e os escritores têm capacidade de réplica"!
MUITO BEM! |
posted by George Cassiel @ 3:15 da tarde |
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Al Berto - Memória III |
Truque inoxidável
faca
repito faca
escrevo faca pelo corpo, desenho faca no peito da noite
desmbaraço-me do sumo inoxidável doutra faca
faca
sorrio faca no escuro dum beco
- Hoje não matarás!
Al Berto |
posted by George Cassiel @ 3:11 da tarde |
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"Ensemble, c'est tout" de Anna Gavalda, pela Autora |
"Ce livre raconte une histoire d’amour entre quatre éclopés de la vie. Camille, Franck, Philibert et les autres. Des bons à rien, des cabossés, des cœurs purs.
Camille Fauque a 26 ans. Elle dessine très bien mais n’ose plus tenir un crayon. Jeune femme fragile qui a déjà beaucoup morflé. Enfance pourrie, débuts chaotiques, solitude. Elle mettra du temps à pouvoir raconter son histoire. Elle vit, elle survit plutôt, dans une chambre de bonne près du Champ-de-Mars. Elle ne mange pas beaucoup. Elle fait ce qu’elle peut. Elle fait des ménages.
Philibert Marquet de la Durbellière vit dans le même immeuble, mais n’emprunte pas l’escalier de service, lui. Il est le gardien provisoire d’un immense appartement de famille. Il a dix ans de plus qu’elle. C’est un passionné d’histoire de France, un Chouan des temps modernes, un être exquis. Il vend des cartes postales dans un musée. Il ne les vend pas à vrai dire, il les compte et les recompte. Il bégaye. Il est un peu toqué. Trouble obsessionnel compulsif, c’est ça le mot exact, je crois. Il héberge Franck. Franck Lestafier a 34 ans. Il est cuisinier. Très bon cuisinier. Dans un très bon restaurant. Il n’est pas très malin. Un peu faraud, un peu couillu, un peu grande gueule. Il aime bien coucher avec des filles mais préfère encore sa moto. Il est tout cabossé lui aussi. Il se confiera une nuit. À peine. Entre un « bordel » et deux « putain ». Il jure beaucoup. Une fois par semaine, il se rend au chevet de Paulette, sa grand-mère. Paulette Lestafier a 83 ans. Elle se laisse mourir dans une maison de retraite près de Tours. Elle n’a plus que lui, son Franck. Elle guette le bruit de sa motocyclette et attend son heure en se souvenant de son jardin. Elle avait un très beau jardin et un très beau potager. Quand il vient la voir, elle essaye de ne pas pleurer mais c’est dur. Alors à la place, elle le rouspète quand il dit « putain ».
Je voulais raconter une histoire d’amour. Celle de Franck et Camille. Je cherchais un titre avec le mot « apprentissage » dedans. Mes livres préférés sont des romans d’apprentissage. Franck et Camille me semblaient être d'excellents cobayes. Le manuel et l’intellectuelle, le cuisinier et la maigrichonne, le macho et la délicate. Schéma un peu grossier ? Tant mieux. Tout était question d’affinage.
Et puis l’histoire m’a échappé. Philibert et Paulette n’ont plus voulu jouer les faire-valoir. C’est de ma faute aussi. Je me suis mise à trop les aimer. Alors voilà, l’histoire d’amour à deux s’est transformée en une histoire d’amour à quatre.
Le livre est deux fois plus gros que prévu. C’est un livre que l’on va dégommer. Je le sais. Je m’y attends. Ce ne sera pas très difficile : il est trop tendre pour être honnête. Ce n’est pas grave. Je les aime tellement ces quatre-là que je suis blindée. Et puis Philibert me prêtera son armure."
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posted by George Cassiel @ 12:10 da tarde |
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"Ensemble, c'est tout" de Anna Gavalda, pelo Editor |
"L’action se déroule à Paris, au pied de la tour Eiffel très exactement, et couvre une année. Ce livre raconte la rencontre puis les frictions, la tendresse, l’amitié, les coups de gueule, les réconciliations et tout le reste encore, tout ce qui se passe entre quatre personnes vivant sous un même toit. Quatre personnes qui n’avaient rien en commun au départ et qui n’auraient jamais dû se rencontrer. Un aristocrate bègue, une jeune femme épuisée, une vieille mémé têtue et un cuisinier grossier. Tous sont pleins de bleus, pleins de bosses et tous ont un cœur gros comme ça (non, plus gros encore !)…
C’est la théorie des dominos à l’envers. Ces quatre-là s’appuient les uns sur les autres mais au lieu de se faire tomber, ils se relèvent. On appelle ça l’amour." |
posted by George Cassiel @ 12:09 da tarde |
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Anna Gavalda |
Boas notícias.
Um novo livro de Anna Gavalda acaba de sair em França... e promete, mais uma vez!
Depois de "Eu Amava-a" e "queria ter alguém à minha espera num sítio qualquer", ambos na D. Quixote, esta autora sensação regressa, desta feita com 603 páginas!
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posted by George Cassiel @ 9:43 da manhã |
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Al Berto - Memória II |
Retrato de um Amigo Enquanto Bebe
íamos por noites de ciclone largar a tristeza
à porta marítima das tabernas...éramos a sombra
que mancha o tampo da mesa oscilante
falávamos alto como fazem os marinheiros
bebíamos até cair
conheço este homem
debruçado para o rosto indeciso do rapaz
perguntava se havia mal no que fazia....
.... eu olhava a televisão pedia mais vinho
interrogava-me
que secretos desejos teriam singrado
com aquele navio carregado de morte?
e a cidade crescia, crescia a noite adiante sob a tempestade
os passos ecoavam apressados pelo cais
Como te chamas? Perguntou
mas o rapaz não respondeu...e nada em redor
tremeluzia
o homem levantou-se
indiferente à revelação da alba, titubeou, tossiu
apoiado no magro ombro do rapaz
desapareceram pelas ruas estreitas do mar
entre redes, cordas, quilhas remos
onde se embarca para o medo esquecido de mais um dia.
Al Berto |
posted by George Cassiel @ 2:08 da manhã |
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terça-feira, maio 18, 2004 |
O Livreiro |
Dentro do livro
as palavras
que se oferecem como uma dádiva.
as páginas que se descobrem
e se recomendam.
A virtude do livreiro
está
nas palavras
que aconselham e libertam.
Dentro do livro
as palavras
de quem reconhece. |
posted by George Cassiel @ 6:31 da tarde |
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Dicionário Breve (prefácio) |
O Dicionário Breve ainda não sabe muito bem o que é, nem o que poderá vir a ser. Para já reflecte a vontade de vir a crescer como um espaço de comentário "breve" a leituras diversas, recomendadas ou não. Uma bibliografia do dia-a-dia, acompanhada por algumas ideias despretensiosas. O Dicionário Breve é uma leitura "Cassieliana" (minha, pois claro!) das leituras que se vão fazendo... |
posted by George Cassiel @ 6:24 da tarde |
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Dicionário Breve II |
Pasolini, Pier Paolo
Uma vida violenta
Pela Assírio e Alvim, com tradução de José Lima, regressou Pasolini! Já fazia falta.
Em Uma Vida Violenta, a representação pasoliniana, apesar de cruelmente realistica, evidencia uma espécie de compaixão por um mundo miserável, cujos personagens têm o direito de ser naturalmente cínicos e amorais, mas ao mesmo tempo de uma inocência primitiva.
Um fresco realista da vivência suburbana de uma Itália dos anos cinquenta... a visitar!
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posted by George Cassiel @ 1:54 da tarde |
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Al Berto - Memória I |
Relembro o post a sugerir o Movimento em Memória de Al Berto. Aguardo respostas e sugestões... ou aliados. |
posted by George Cassiel @ 12:53 da tarde |
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Nascimento |
Os gritos continuavam, agora mais frequentes, fazendo perceber aos vizinhos, que tinham sido obrigados a acordar repentinamente, que a hora aproximava-se. As mulheres, experientes, já tinham tudo pronto e esperavam apenas que uma cabecita começasse a despontar por entre as pernas arqueadas da mãe, que agora gritava em surdina, envolta num suor espesso que a incomodava. Sem saber o que fazer, a rapariga deu por si a correr porta fora procurando um recanto que a abrigasse da imagem de sofrimento que a mãe lhe transmitia. Foi surpreendida por um "Anda cá, segura na minha mão", dito de uma forma calma e pouco normal para ser proferida por uma mulher em trabalho de parto. "Segura na minha mão e vais ver que não custa nada!"
- Lembras-te quando nasceu o Tio Torcato?
- Sim.
- Foi um choque, não foi?
- Não.
- Estás muito estranha, hoje!
- Estou cansada.
- Andas a trabalhar demais.
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posted by George Cassiel @ 12:48 da tarde |
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segunda-feira, maio 17, 2004 |
Dicionário Breve I |
Rilke, Rainer Maria
As Anotações de Malte Laurids Brigge
A Relógio d’Água oferece-nos, pela mão da tradutora Maria Teresa Dias Furtado, uma das mais notáveis obras deste autor. Quarenta e sete anos após a tradução de Paulo Quintela, "As anotações" regressam ao nosso convívio.
Um livro de intimidades onde a presença real do autor em Paris se confunde com as deambulações da personagem. Carregado de imagens corrosivas para transmitir as reacções de um jovem escritor à vida em Paris, no início do século.
«Do ponto de vista da História Literária, a inovação essencial das Anotações reside no seguinte: ao escrever um romance que já não é realista, mas sim simbolista e centrado na consciência, Rilke afasta-se decisivamente do padrão biográfico do género romanesco e do romance de personagem com base na evolução psicológica do herói.» no Prefácio, pela tradutora.
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posted by George Cassiel @ 4:39 da tarde |
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"Doze moradas de silêncio" |
hoje é dia de coisas simples
(Ai de mim! Que desgraça!
O creme de terra não voltará a aparecer!)
coisas simples como ir contigo ao restaurante
ler o horóscopo e os pequenos escândalos
folhear revistas pornográficas e
demorarmo-nos dentro da banheira
na ladeia pouco há a fazer
falaremos do tempo com os olhos presos dentro das
chávenas
inventaremos palavras cruzadas na areia... jogos
e murmúrios de dedos por baixo da mesa
beberemos café
sorriremos à pessoas e às coisas
caminharemos lado a lado os ombros tocando-se
(se estivesses aqui!)
em silêncio olharíamos a foz do rio
é o brincar agitado do sol nas mãos das crianças
descalças
hoje
Al Berto |
posted by George Cassiel @ 3:40 da tarde |
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Al Berto |
Para que a data não passe, mais uma vez, sem memória.
Talvez este exercício sirva para alguma coisa: 12 de Junho, Futebol... 13 de Junho, Eleições... e já agora, 13 de Junho, 7 anos depois da "despedida" de Al Berto...
Gostava imenso dele, achava-o uma pessoa encantadora e um bicho da noite, da tal noite que já vai rareando. (...) Li o Horto de Incêndio, tem muitos bons poemas. Para mim, o poeta é muito mais importante que os poemas e ali está um poeta. Acho que é o melhor que posso dizer. Mário Cesariny no "Público", 15/6/97.
Poderá começar aqui uma espécie de Grupo de Pressão para a relembrar o poeta Al Berto?
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posted by George Cassiel @ 2:57 da tarde |
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Faltam 5 dias! |
Todos os anos faço esta contagem decrescente.
A Feira do Livro vira-se, este ano, ao contrário, muda de data e vê o seu tempo ser reduzido! Contingências do futebol! É assim, também, no mundo da cultura... vê-se tudo andar à roda, aliás, à bola... |
posted by George Cassiel @ 2:38 da tarde |
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Lobos e índios |
Durante a noite tive um sonho estranho. Índios vestidos a rigor, munidos de máquinas de filmar, troavam cuidadosamente tambores em uníssono e cantavam de uma forma que nunca imaginei. Soou-me a uivos de lobos. Chamavam-lhe o presente do vento que, misturado com o troar ritmado e violento do tambor, festeja a vida. |
posted by George Cassiel @ 2:17 da tarde |
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Aviz responde. |
Assim se revela a seriedade de quem está neste meio sem olhar de cima do pedestal criado pelo número de visitas do seu sitemeter!
O Aviz reconheceu de imediato o erro ao incluir-me numa lista de emails indesejados. Numa mensagem muito simpática corrigiu a confusão e saudou este recém-nascido Blog.
Ao Franscisco José Viegas, obrigado pela resposta rápida e parabéns pelo seu excelente trabalho!
PS - permita-me que reproduza parte da sua mensagem, quando se referia a este Blog: "é mais um dos que pode falar sobre livros e literatura num mundo cada vez mais interessado em outras coisas".
Ainda bem que navegamos num mesmo oceano! Podemos percorrer rotas diferentes e usar embarcações de maior ou menor dimensão, mas o destino é o mesmo: (re)afirmar o poder transformador da palavra!
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posted by George Cassiel @ 2:05 da tarde |
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Ao Aviz |
O FJ Viegas, no seu Aviz, fez o favor de me incluir numa listagem de e-mails indesejados! Provavelmente não o leu, tendo-o apagado de imediato. Não pretendia vender-lhe nada! Tratava-se, apenas, de um convite para visitar este Blog. Talvez não o queira fazer... talvez se limite apenas aos que já conhece...
Agora sei que não lhe posso reenviar novo email, já que serei "apagado" à entrada!
Talvez alguém me faça o favor de fazer chegar esta mensagem ao autor do Aviz: "Lamento a sua reacção intempestiva em relação ao meu anterior e-mail. Não se tratava de nenhuma proposta comercial, mas de um convite a visitar o meu Blog. A forma como temos sido inundados por mails ridículos, e, talvez, por não assinar em português o tenham assustado. Mas essa é uma das virtudes da língua portuguesa: pode ser aprendida por estrangeiros que não desejam «vender» nada, mas procuram escrever uma linhas nesta língua. Se reconsiderar, este blog é público e, como tal, sempre disponível para o receber.
Obrigado." |
posted by George Cassiel @ 10:01 da manhã |
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Biblioteca Gonçaliana |
Não! Não creio que tenha sido uma referência à fresquinha "Biblioteca" de Gonçalo M. Tavares!
Afinal, o homem até tem melhorado ao sabor das críticas.
Ou como ele diria:
O Homem. Negro como. Afligido por uma sensação que. Como tantas outras, nos impelem a reacções intempestivas - como máquinas! - responde às análises de outrém. E melhora os textos.
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posted by George Cassiel @ 9:57 da manhã |
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sexta-feira, maio 14, 2004 |
Ou talvez uma Biblioteca! |
Ou talvez uma Biblioteca - um livro com pensamentos dispersos sobre diversos autores... como se o que é dito para cada um deles pudesse ser dito sobre qualquer outro! |
posted by George Cassiel @ 12:44 da tarde |
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Críticas |
Até aquela altura só tinha publicado um pequeno livro de crónicas, ou apontamentos, segundo a opinião do editor. A crítica foi muito pior do que esperava.
Tinha estruturado três hipóteses: que se falasse muito mau do livro, terminando por ali a minha carreira frustrada; que se dissesse muito bem, ficando com uma responsabilidade enorme de não voltar a falhar para a próxima; ou, a que mais me agradava, que a crítica não dissesse nada! Enganei-me. Falou, mas não disse nada! Procurei em todos os jornais da semana em que foi publicado o "Testemunho Concentrado" e quase todos a ele faziam referência. Porém nem uma única palavra de apoio, nem de repúdio. Fiquei sem saber o que fazer. Se calhar escrevera pouco para ser criticado e para a próxima deveria ser um romance com quatrocentas páginas, ou uma reflexão sobre a história da Humanidade!
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posted by George Cassiel @ 12:42 da tarde |
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O Jornal |
Foi envolvido na leitura que descobri B.
Da mesa que falei veio um som gutural descontraídamente exclamado: "Aah!"
Continuei a secção de notícias sem desviar o olhar.
Mais uma vez: "Aah!". Agora mais próximo.
Baixei o jornal para aumentar o campo de visão.
Mesmo à minha frente, revelou-se, por trás do Herald Tribune, uma face com uma estranhíssima expressão de admiração! Quase instintivamente recolhi o jornal, guardando como se fosse uma coisa a que mais ninguém poderia ter acesso -era só meu. E aquele estranho estava a lê-lo!
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posted by George Cassiel @ 12:41 da tarde |
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Ódios |
Intelectual, e esteticamente, claro, o Homem não pode viver só de pedras, areia, árvores e flores. E eu, seja como for, não consigo viver só de pão. E se não existissem rochas nuas, areia, campos imensos e o mar inexplorado, acabaria por odiar tudo como uma excrescência fungóide! |
posted by George Cassiel @ 12:39 da tarde |
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quinta-feira, maio 13, 2004 |
Explosão de intimidade |
percorro com o olhar as sombras que trepam as ruínas ao fim da tarde.
um silêncio que absorve o infinito.
e este desejo – maior que os normais desejos –
revela a contradição entre o imaginário solto, livre
e a realidade que nos prende.
o tempo todo emerge bruscamente no lodo.
e surge a vontade de pegar fogo à pintura, à segunda forma de ser
e do ser
e do parecer.
e este desejo que se reflecte no lago verde e projecta a sua sombra imensa
sobre as ruínas do tempo
do ser.
o desejo das ideias reais, que rasgo obstinadamente no final
de cada apresentação.
como o sangue que me invade os pulmões, em nome da ética e da razão.
- uma explosão de intimidade como num cemitério das palavras.
elaboro o requiem por um povo iluminado pela misteriosa luz do tempo,
mas que se deixou esconder no negro finito das sombras
do desejo.
é dessa segunda forma de ser – negra – escondida, de que falo.
do ser e do parecer.
duma contradição entre a imagem - fotografia profundíssima do conhecimento;
e o real, - matéria imperceptível da eterna revelação.
esmago todos os pareceres contra a verdade dos seres,
como quem combate o próprio destino.
uma missão interminável, animada por uma força obscura,
por um desejo maior que revela a contradição.
disponho do vento e das mãos para percorrer com o olhar as ruínas do tempo,
num gesto decidido de inquietação, de quem está vivo.
disponho do céu azul e das aves em voos rasantes sobre o desejo.
disponho do tempo e da distância para ser eu numa segunda forma de ser.
e adormecer descansado.
e acordar no outro dia, depois de percorrer manhãs eternas
numa ânsia incontrolável, numa paixão descartável.
acordar e depois sonhar com as ruínas do passado, inerte,
imóvel sob os escombros.
uma luta incessante com a força das palavras.
e com as mãos modelar o destino em pequenas peças de barro,
para aquecê-las ao sol quente de inverno.
e com o olhar trepar o desejo, que me persegue como o passado.
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posted by George Cassiel @ 4:52 da tarde |
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Somos mais cruéis do que desumanos (II) |
Que mistério é este que queres criar em torno de ti?! Como se fosses uma refugiada de um mundo insano! Não te escondas por trás de uma cortina de loucura imaginada…
(interrompe)
Pára!
(quase a gritar).
Pára, porque já estou farta da tua sanidade! Pára!
(tapa os ouvidos e recomeça a cantar)
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posted by George Cassiel @ 4:48 da tarde |
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Somos mais cruéis do que desumanos. |
Somos mais cruéis que desumanos. Somos a Besta. O anticristo. Somos todos a Morte…
o frio saltitante da morte.
(deita-se no chão)
Sacrificamo-nos a nós próprios, como se nos oferecesse-mos a um deus menor do Olimpo. Sacrificamos a simplicidade honesta da existência. Transformamo-nos e transformamos o mundo num palco de regras e limitações. Somos o nosso próprio carcereiros!
A morte de nós mesmos.
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posted by George Cassiel @ 4:47 da tarde |
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quarta-feira, maio 12, 2004 |
Aparição |
não, não te recordo na novidade
sem que ninguém me mostre o desafio
do acaso solto que se precipita
sobre o destino.
se fosses o meu destempero
jogava o futuro
como se de um sítio adivinhado se tratasse
e inaugurava gestos tecidos sobre a memória
da coisa lembrada.
e via-te numa aparição disfarçada
de um barco de velas içadas
rumo ao limiar das tréguas
que se antevêem
arrastados pelo vento sem lágrimas.
e um rio insaciável
que se detém nas nossas mãos.
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posted by George Cassiel @ 11:10 da manhã |
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terça-feira, maio 11, 2004 |
Impulsão |
Chamam-te. Ou expulsam-te. As árvores e a rua. E os livros, na sala. |
posted by George Cassiel @ 7:06 da tarde |
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Início da liberdade |
Apenas um início.
Apenas.
Três sílabas num momento. |
posted by George Cassiel @ 7:01 da tarde |
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GEORGE CASSIEL
Um blog sobre literatura, autores, ideias e criação.
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"Este era un cuco que traballou durante trinta anos nun reloxo. Cando lle
chegou a hora da xubilación, o cuco regresou ao bosque de onde partira.
Farto de cantar as horas, as medias e os cuartos, no bosque unicamente
cantaba unha vez ao ano: a primavera en punto."
Carlos López, Minimaladas (Premio Merlín 2007)
«Dedico estas histórias aos camponeses que não abandonaram a terra, para encher os nossos olhos de flores na primavera»
Tonino Guerra, Livro das Igrejas Abandonadas |
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