segunda-feira, junho 26, 2006
Retomando a conversa
O Extratexto comenta os texto da seguinte forma:

"Falar sobre livrarias é sempre bastante complicado em Portugal, quase tanto como falar de distribuição.
Em relação às «razões» apresentadas por Vince McCaffrey, faço recordar que eles refere-se a um mercado bem mais complicado do que o nosso, cujas regras e dinâmicas são bastante diferentes e não podem ser «aportadas», pelo menos para Portugal.
E é também mais simples falar de qualidade do que conseguir defini-la (serão mesmo os métodos antigos? Cujos diluentes poluem rios e matam gente de cancro, como nos exemplos que ele deu? Bom acabamentos manuais custaram a saúde a muita gente, também).
Da mesma forma, temos de ponderar o papel do livro enquanto produto industrial que é (e felizmente que assim é, pois de outra forma não seria plural e democrático).
O livro serve diferentes propósitos para diferentes intervenientes e mediadores, cujo leque pode ir desde o mercantil «ganhar riqueza», até «ganhar cultural», sem referir outros âmbitos diversos, como «entreter e descansar a cabeça», informar, ganhar status, suprir faltas várias, lutar politicamente, doutrinar, etc.
Conforme as necessidades, mudam os formatos de avaliação do que é o livro e como deve ser trabalhado e inserido na comunidade (alguns defendem a imposição da leitura prescrita, por exemplo, sejam eles o Kim Il Sung ou a Zita Seabra - sem qualquer objectivo de comparação).
Que seja o mercado a mandar? Não é grave, desde que sejam as pessoas certas e os bons motivos a mandar no mercado e para isso, têm de lutar e conquistar o mercado.Se é difícil? Bastante, mas é mais do que possível, pois dirigem-se a públicos distintos e têm elementos de catalização comunicacional com base de valores perceptivos fortes como a educação e a cultura.
Querer restringir o mercado é pedir ao papá que impeça o irmão mais bruto de bater, não vai resultar em nada e até pode ser prejudicial.Recordo a Lei do Preço Fixo do Livro, que é uma disposição legal que foi feita quase exclusivamente a pensar nos livreiros tradicionais. Sabe qual foi o resultado? O Fernando Guedes da Verbo, homem com bastante conhecimento e experiência diz-nos: «eles nem ligaram, continuaram na mesma e não aproveitaram a oportunidade».
Muitos dos livreiros tradicionais não sabem, não querem saber, cruzam os braços na ignorância e criticam os grandes que, pelas regras, os destroçam.
Enquanto virmos livreiros com ar de frete a ter de acender a luz para mostrar os livros, a culpa não será das Bertrands.Só é pena que os poucos livreiros competentes se vejam rodeados de tão poucos «amigos» capazes de os ajudar."
posted by George Cassiel @ 9:44 da manhã  
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"Este era un cuco que traballou durante trinta anos nun reloxo. Cando lle chegou a hora da xubilación, o cuco regresou ao bosque de onde partira. Farto de cantar as horas, as medias e os cuartos, no bosque unicamente cantaba unha vez ao ano: a primavera en punto." Carlos López, Minimaladas (Premio Merlín 2007)

«Dedico estas histórias aos camponeses que não abandonaram a terra, para encher os nossos olhos de flores na primavera» Tonino Guerra, Livro das Igrejas Abandonadas

 
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