Hoje perguntaram-me se eu era da tua família. Fiquei muito orgulhosa, como que a desejar que as características que te admiro podessem passar de ti para mim em processo de herança, não por (des)carga genética , mas por carga afectiva, por eleição. A família que se escolhe é da maior importância e eu escolhi-te porque tu és uma pessoa admirável que apetece olhar. Uma das paisagens mais bonitas que conheço. Um dos recantos onde dá vontade de pescar letras, cheirar odores que já não existem de verdade e que estavam noutro lugar das memórias.
Tu, e estas tuas letras: Lençois acabados de passar a ferro. Cheiro a
aletria acabada de fazer. Sabor de arroz de tomate com salsa e pataniscas, um trio de massas do Mama Roma ou uma garrafa de Rioja e velas. Ou a língua salgada de mar depois de um largo andar a molhar os pés.
E para assim, não precisas de ser escritor, não precisas de ser famoso ou de concorrer a outro concurso que não seja este... o dos dias.

Sónia "Cassiel"