"A irmã e a sobrinha de Al Berto, que morreu em 1997, doaram o espólio do poeta à Biblioteca Nacional (BN), numa cerimónia realizada quarta-feira, anunciou hoje a instituição. Segundo a BN, o espólio do escritor é «sobretudo» constituído por manuscritos poéticos e inclui igualmente as traduções de que vários dos seus títulos foram alvo, além de correspondência - cuja consulta permanecerá «reservada» dura nte duas décadas - e apontamentos pessoais e biográficos." in Diario Digital
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Dizem que a paixão o conheceu
dizem que a paixão o conheceu mas hoje vive escondido nuns óculos escuros senta-se no estremecer da noite enumera o que lhe sobejou do adolescente rosto turvo pela ligeira náusea da velhice
conhece a solidão de quem permanece acordado quase sempre estendido ao lado do sono pressente o suave esvoaçar da idade ergue-se para o espelho que lhe devolve um sorriso tamanho do medo
dizem que vive na transparência do sonho à beira-mar envelheceu vagarosamente sem que nenhuma ternura nenhuma alegria nunhum ofício cantante o tenha convencido a permanecer entre os vivos
Al Berto |