sexta-feira, junho 03, 2005 |
Crítica à Feira |
A recente visita à Feira do Livro de Lisboa (em breve voltarei!) deixou-me duas impressões antagónicas. Se, por um lado, é manifesto o investimento no "aspecto exterior" da feira, com um cuidado estético redobrado, uma atenção aos espaços de circulação, uma capacidade de criar maior "área de respiração" entre stands, por outro, tenho sérias dúvidas da qualidade dos objectos expostos. Numa analogia forçada, senti-me uma espécie de visitante a uma exposição de um artista de má qualidade, num museu cuja arquitectura bastava por si. Ou seja, melhor ainda: uma má prenda num bonito embrulho!
A crítica nem é ao mercado editorial português. De facto estes últimos anos têm sido profícuos em excelentes títulos nas bancas. A crítica é às opções que se fazem nos destaques dos stands... nem todos, naturalmente. Mérito seja reconhecido à Cotovia, à Relógio D'Água, à Assírio e Alvim, à Antígona... e a poucos mais.
Mas, aquele proliferar de obras "peso pluma", esoterismos gasosos, ligeirezas de análise e, se quiserem, até edições de mau gosto estético, não deixam uma imagem real da qualidade que vai existindo no nosso mercado editorial.
Sei que as Feiras do Livro servem para facturar... por vezes também para apresentar obras novas... no limite para conviver com os autores...
Contudo, imaginem-se completamente distantes das livrarias durante um ano, apenas contactando com o mercado editorial durante esta Feira do Livro. O choque seria imenso. Desilusão. Todas as editoras têm, certamente, melhor para mostrar.
Ainda assim vale a pena ir à 75ª Feira do Livro de Lisboa. |
posted by George Cassiel @ 10:31 da manhã |
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GEORGE CASSIEL
Um blog sobre literatura, autores, ideias e criação.
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"Este era un cuco que traballou durante trinta anos nun reloxo. Cando lle
chegou a hora da xubilación, o cuco regresou ao bosque de onde partira.
Farto de cantar as horas, as medias e os cuartos, no bosque unicamente
cantaba unha vez ao ano: a primavera en punto."
Carlos López, Minimaladas (Premio Merlín 2007)
«Dedico estas histórias aos camponeses que não abandonaram a terra, para encher os nossos olhos de flores na primavera»
Tonino Guerra, Livro das Igrejas Abandonadas |
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