quarta-feira, abril 06, 2005 |
José Tolentino Mendonça - A ESTRADA BRANCA. |
O POEMA "O poema é um exercício de dissidência, uma profissão de incredulidade na omnipotência do visíveis, do estável, do apreendido. O poema é uma forma de apostasia. Não há poema verdadeiro que não torne o sujeito um foragido. O poema obriga a pernoitar na solidão dos bosques, em campos nevados, por orlas intactas. Que outra verdade existe no mundo para lá daquela que não pertence a este mundo? O poema não busca o inexprimível: não há piedoso que, na agitação da sua piedade, não o procure. O poema devolve o inexprimível. O poema não alcança aquela pureza que fascina o mundo. O poema abraça precisamente aquela impureza que o mundo repudia."
O PASSO DO ANJO "Pelas escarpas, nos atalhos de areia e erva em matas sombrias onde as faias se renovam os animais já não vigiam já ninguém os persegue
a chuva desenha círculos perfeitos nos poços dos aldeões como nos charcos
o restolhar de prata da folhagem previne do passo do anjo, na escuridão"
Edição: Assírio e Alvim |
posted by George Cassiel @ 5:59 da tarde |
|
|
|
GEORGE CASSIEL
Um blog sobre literatura, autores, ideias e criação.
_________________
"Este era un cuco que traballou durante trinta anos nun reloxo. Cando lle
chegou a hora da xubilación, o cuco regresou ao bosque de onde partira.
Farto de cantar as horas, as medias e os cuartos, no bosque unicamente
cantaba unha vez ao ano: a primavera en punto."
Carlos López, Minimaladas (Premio Merlín 2007)
«Dedico estas histórias aos camponeses que não abandonaram a terra, para encher os nossos olhos de flores na primavera»
Tonino Guerra, Livro das Igrejas Abandonadas |
|
|
|