Ainda ouço o eco dos meus sonhos, de umas vontades que se diluíram no tempo. Marcaram-me o rosto, sulcaram-me as mãos, e entranharam-se profundamente nas minhas entranhas, que se abriram em espuma de luz. Mas não se transformaram em vida. A voz que se ouve já não é a minha. A minha surge como se dissesse um segredo, vindo das profundezas da terra, dos sulcos do meu rosto que guardam as últimas vontades, os primeiros ecos da minha memória. Na noite em que bebi um veneno, queimei as mãos. Queimei-me com o ácido que transportava no bolso das calças, como se isso fosse uma atitude normal.
G. Cassiel |
«É mesmo isto que eu sinto e não era capaz de exprimir», não é?"
muito, muito bom.