Não posso deixar de concordar com a maior parte do que é dito nos comentários que surgiram ao post sobre a postura da dita jornalista responsável pelo programa Prós e Contras. Mas... (também um mas!), não julgo que, por mais vontade que houvesse da minha parte de obrigar Aznar a enlodar-se na imundície que criou na vizinha Espanha (em particular aquando da sua saída), a atitude da entrevistadora se justificasse. Ainda assim, e acreditando que é possível fazer entrevistas e debates sem falsas simpatias e reverências, assumindo uma postura pouco típica no jornalismo português – não se intimidar perante “individualidades” – não posso aceitar a manifesta tentativa de enviesar o discurso dos convidados (e desta feita não falo de Aznar), procurando descobrir palavras não ditas e intenções escondidas. E esta, sim, é atitude típica da dita jornalista, não só no programa desta segunda-feira, e não só com aqueles convidados, mas invariavelmente em todos os programas. A sua honestidade intelectual ou, quando muito, o seu eventual profissionalismo não a deveriam permitir procurar encaminhar os debates para as suas próprias conclusões: para isso não precisava sequer de debate nem de convidados! A senhora poderia passar as duas ou três horas a falar sozinha. Cansa ouvir muitos dos seus convidados repetir: “não foi isso que disse”, “olhe que não”, “essa é uma interpretação abusiva”, …E são-no de facto! Para além de, frequentemente, abusar do senso comum e da falta de preparação. |
Mas (mais um mas)caro George Cassiel não será que o que incomoda em tudo isto é o facto de uma mulher assumir uma postura tão, digamos, mandona? Um pivot como R.Guedes de Carvalho seria alvo do mesmo tipo de críticas e pedidos públicos de despedimento? E não deverão os telespectadores ofendidos ou até mesmo os convidados dirigir as suas queixas ao Provedor?
O Prós e Contras, é bom não esquecer, é apenas um espectáculo televiso embrulhado na retórica do debate de ideias. Em Sobre a Televisão Bourdieu explica porque razão a caixinha é inimiga do pensamento. Mas não vou, como é óbvio, ter a veleidade de "ensinar a missa ao padre"... deixo apenas mais estes "mas" como contributos para o debate.
Um abraço