quinta-feira, junho 01, 2006
Saramago não precisa de ser lido...
... ou "o caso do escritor que não quer que o leiam"!



Posso não ter, ainda, praticamente nenhuma noção do que é o (hoje apresentado) Plano Nacional de Leitura. Posso até vir a constatar que se trata de "fogo de vista" e uma operação mal construída para responder a uma necessidade premente. No entanto, concordarei sempre com a necessidade de se "construir" uma estratégia nacional a este nível.
Não posso, por isso, deixar de ficar indiferente às contradições e à gravidade das afirmações proferidas ontem pelo nosso Nobel!:


"Num debate na Biblioteca Municipal de Oeiras, Saramago afirmou não saber «o que vai ser» o Plano Nacional de Leitura arquitectado pelo governo, referindo apenas que «há dinheiro para gastar», mas resta «esperar para ver que resultados vai ter».
«Não vale a pena o voluntarismo, é inútil, ler sempre foi e sempre será coisa de uma minoria. Não vamos exigir a todo o mundo a paixão pela leitura», afirmou, caracterizando o facto de pertencer à comissão de honra do plano como «uma fatalidade, como as bexigas», decorrente do seu estatuto como vencedor do prémio Nobel.
«O estímulo à leitura é uma coisa estranha, não deveria ter que haver outro estímulo além da necessidade de um instrumento que permita conhecer», opinou.
«Mal vão as coisas quando é preciso estimular», defendeu, contrapondo que «ninguém precisa de estímulos para se entusiasmar com o futebol», que tem por trás uma «operação de propaganda fabulosa»".

In Diário Digital.

Será que o estatuto de Nobel o obriga a, permanentemente, procurar afirmar o contrário do necessário?! A contradizer o urgente?! Saramago voltou a cancelar, recentemente, mais uma participação num acto público, tal como aconteceu, há semanas atrás, em Turim. Desejo-lhe, sinceramente, as melhoras. Até porque não deixo de reconhecer a sua “interessante” contribuição para a literatura portuguesa… no entanto, tenho receio que estas “quebras de tensão” se estejam a estender às suas capacidades de discernimento!

Curiosamente Saramago faz parte da Comissão de Honra do referido Plano Nacional...
posted by George Cassiel @ 11:01 da manhã  
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"Este era un cuco que traballou durante trinta anos nun reloxo. Cando lle chegou a hora da xubilación, o cuco regresou ao bosque de onde partira. Farto de cantar as horas, as medias e os cuartos, no bosque unicamente cantaba unha vez ao ano: a primavera en punto." Carlos López, Minimaladas (Premio Merlín 2007)

«Dedico estas histórias aos camponeses que não abandonaram a terra, para encher os nossos olhos de flores na primavera» Tonino Guerra, Livro das Igrejas Abandonadas

 
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