Günter Grass renuncia ao prémio Brücke devido a «caso SS»
"O escritor alemão Günter Grass, Nobel da Literatura 1999, renunciou ao prémio Brücke 2006, atribuído pelas cidades fronteiriças de Goerlitz (Alemanha) e Zgorzelec (Polónia), depois das críticas sofridas por ter revelado que na juventude pertenceu às Waffen-SS nazis. O presidente da associação que atribui o galardão, Willi Xylander, confirmou esta quarta-feira uma informação publicada pelo diário online Faktuell.
Xylander indicou que tenciona telefonar a Grass «esta tarde ou, o mais tardar, amanhã (quinta-feira)» para tentar convencê-lo a não renunciar ao prémio, que deveria ser entregue em Novembro ao autor de «O Meu Século».
A 1 de Março passado, o júri do prémio considerou que o escritor alemão, nascido em 1927 na cidade alemã de Danzig (a actual Gdansk polaca), merecia o galardão por ter conseguido nos seus romances ilustrar «a história da Alemanha e da Polónia com imagens literárias inolvidáveis».
O autor de «O Tambor» enviou agora um fax a Xylander anunciando-lhe a renúncia ao prémio Brücke (ponte, em alemão).
Grass apresenta como razão para a sua decisão as críticas de que foi alvo por parte de vários políticos da União Democrata-Cristã (CDU) que compõem a presidência da câmara de Goerlitz, depois de ter recentemente revelado que foi me mbro das Waffen-SS, corpo de combate das SS nazis.
Muitos encararam a tardia confissão de Grass, mais de 60 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, como uma campanha publicitária orquestrada para vender a sua autobiografia, intitulada «Ao Descascar a Cebola», que já lidera a lista de vendas na Alemanha.
O prémio Brücke, no valor de 2.500 euros, é atribuído conjuntamente pelas cidades de Goerlitz e Zgorzelec, separadas desde 1945 pela fronteira germano-polaca traçada no rio Neisse.
O galardão distingue desde 1993 personalidades que contribuíram, com as suas ideias, para o desenvolvimento democrático e ao entendimento entre os europeus.
Entre os vencedores do prémio em edições anteriores, destacam-se a falecida jornalista alemã Marion Donhoeff, o jornalista polaco Adam Michmick, o cardeal Miloslav Vlk, arcebispo de Praga, o músico Giora Feidman e o Presidente lituano, Valdas Adamkus.
Günter Grass conta entre os seus galardões o Nobel da Literatura e o Príncipe das Astúrias das Letras, ambos obtidos em 1999."
in Diário Digital / Lusa |