quarta-feira, dezembro 22, 2004
Boas Festas!

"Nativity Scene" - Gabe Martin

Regresso a 3 de Janeiro!
posted by George Cassiel @ 3:13 da tarde   1 comments
terça-feira, dezembro 21, 2004
NOITE QUE FAZ DANÇAR
É de noite que ele dança, fulgurante
e ébrio, como uma espada de sangue
no deserto. A cidade esvazia-se nas casas,
inventa uma árvore morta, um sonho circular
que se escoa num novelo, entre os dedos.
E quando a noite finda e os homens ressuscitam,
ele transporta uma tábua dentro do peito
como um vírus roendo o seu próprio ninho.


Jaime Rocha, "Do Extermínio"
posted by George Cassiel @ 5:02 da tarde   0 comments
*Nota
Todas as sugestões para links são bem-vindas!
posted by George Cassiel @ 1:34 da tarde   1 comments
Invisibilidades
dizem que em sua boca se realiza a flor
outros afirmam:
a sua invisibilidade é aparente
mas nunca toquei deus nesta escama de peixe
onde podemos compreender todos os oceanos
nunca tive a visão de sua bondosa mão

o certo
é que por vezes morremos magros até ao osso
sem amparo e sem deus
apenas um rosto muito belo surge etéreo
na vasta insónia que nos isolou do mundo
e sorri
dizendo que nos amou algumas vezes
mas não é o rosto de deus
nem o teu nem aquele outro
que durante anos permaneceu ausente
e o tempo revelou não ser o meu


"A Invisibilidade de Deus", in O MEDO de AL BERTO

posted by George Cassiel @ 12:05 da manhã   0 comments
segunda-feira, dezembro 20, 2004
E porque estamos quase lá...
Dizia, ontem, Sebastião Alba
. (se estivesse vivo era ontem!)
numa das suas notas escritas ao acaso, recolhidas
. (li apenas ontem)
que não percebia porque é que o Menino precisava de ser aquecido pelo respirar dos animais e estava deitado em palhinhas! Afinal, a Mâe tinha alguma roupa sobre os ombros!
. (solidariedades!)
posted by George Cassiel @ 6:04 da tarde   0 comments
Passados ascéticos!


Como se explicou em post anterior, o Asceta, mudou-se para aqui.

Para todos aqueles que temeram pelo desaparecimento ascético daquele blog de título espiritual, desconfiando de uma eventual evaporação mística, o Asceta explica:
MUDOU de NOME!
... e, há já algum tempo, deixou o cume da montanha, lá para os lados do oriente, onde permanecia em retiro transcendente, e assumiu a sua identidade pública. Deixou-se levar por outros mistérios e enredou-se neste Blog, quase exclusivamente, de índole literária.

Não deixando de ser a mesma pessoa, desde maio de 2004 que o asceta passou a ser george cassiel.

Confusos... também não interessa! Foi apenas um esclarecimento para quem conheceu George Cassiel, quando este se apresentava na Blogosfera como Asceta! Ponto final.
posted by George Cassiel @ 5:29 da tarde   0 comments
Actualizações
Os links para "Minhas Leituras" ("Em Mãos" e "Anteriores") já se encontram em pleno funcionamento.
posted by George Cassiel @ 4:26 da tarde   1 comments
Como quem quer viver num mundo construído de letras e desejos
posted by George Cassiel @ 3:44 da tarde   0 comments
Exigente
Esta recente alteração de imagem do Blog torna-o mais exigente. Uma razão simples: o menu "links" poderá ser um instrumento interessante, e mais organizado, de registo e acesso a alguns "sites" que julgo merecerem uma visita. Esse trabalho irá ser feito pontualmente e à medida das possibilidade e disponibilidades. Nesta fase de transição limitei-me a inserir os que já se encontravam listados na versão anterior.
posted by George Cassiel @ 11:22 da manhã   0 comments
sexta-feira, dezembro 17, 2004
alguma paciência...
... com os problemas no acesso aos comentários. Espera-se resolução para breve. Entretanto pode ser usado o email: georgecassiel@hotmail.com.
posted by George Cassiel @ 6:54 da tarde   1 comments
Nova Imagem
Este blog continua com problemas de identidade!
Esta nova imagem permite novas potencialidades, nomeadamente através da barra de menus.
Aguardo comentários, durante o fim de semana, e sugestões para eventuais correcções.
posted by George Cassiel @ 6:33 da tarde   0 comments
Mais uma interrupção de última hora!
Escritor Mário Cláudio é vencedor da edição de 2004 do Prémio Pessoa



"O escritor Mário Cláudio foi distinguido com o Prémio Pessoa 2004, considerado a maior distinção nas áreas da cultura e ciência em Portugal. O vencedor foi anuciado esta sexta-feira.

O escritor Mário Cláudio foi distinguido com o Prémio Pessoa 2004, «pela mestria da língua, a preocupação historiográfica, a tentação biográfica e a extraordinária invenção narrativa».

Um «escritor de escritores e escritor de leitores», assim retratou o júri o vencedor do Prémio Pessoa 2004, considerado a maior distinção nas áreas da cultura e ciência em Portugal.

Mário Cláudio tem-se dedicado a vários géneros, da ficção ao teatro e é autor de obras como «Amadeo», «Gémeos» e «Triunfo do Amor Português».

Mário Cláudio, pseudónimo de Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nasceu no Porto em 1941, e começou por frequentar Direito em Lisboa, acabando por terminar o curso em Coimbra.

Graduado com o Master of Arts pela Universidade de Londres, exerceu funções como técnico do Museu Nacional de Literatura e como professor universitário, tendo paralelamente desenvolvido uma vasta e diversificada obra literária.

Vencedor do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores em 1984 com a obra «Amadeo», Mário Cláudio tem-se dedicado, também, à poesia, ao teatro, ao ensaio e ao romance, sobretudo o de cariz histórico."

Tsf online, 12:27 - 17 de Dezembro 04
posted by George Cassiel @ 4:08 da tarde   0 comments
Ultima hora!
Interrompo os votos de bom fim de semana para partilhar a satisfação de ter recebido duas boas leituras para os próximos dias:

"Biographie de la faim", Amélie Nothomb, Ed. Albin Michel


"Memoria de Mis Putas Tristes", Garcia Marquez, Ed. Vintage, Espanha

O mesmo desabafo de sempre: Tantos livros, Tão pouco tempo!
posted by George Cassiel @ 3:03 da tarde   0 comments
Bom fim-de-semana!
posted by George Cassiel @ 1:23 da tarde   0 comments
Clarice
A PERFEIÇÃO

O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, co nfusos,
a perfeição.


Clarice Lispector
posted by George Cassiel @ 1:16 da tarde   0 comments
WG Sebald (novamente)
Depois de admirações, desabafos, exigências e alegrias sobre Sebald, neste Blog, fica a satisfação de saber que muitos daqueles a quem aconselhei a leitura se sentem deslumbrados: uma espécie de murro no estômago, é o que nos faz a obra de WG Sebald!

Depois de lidas outras obras (Vertigo, Rigns of Saturn, The Emigrants e On the natural history of destruction) fico convencido de que se trata de um dos melhores autores europeus de sempre!

E já se diz por aí alguma coisa:
«(...)Escreve que este novo livro, "Eu Hei-de Amar Uma Pedra", é um dos grandes livros deste século e que ele é "o maior escritor da actualidade". Assim, tal e qual?
Do que eu li até agora, só li outro grande livro este século, "Austerlitz", de G. W. Sebald [falecido recentemente e que acaba de ser traduzido]. Por outro lado, só consigo apontar, entre os maiores escritores, este Sebald e o Phillipe Roth. (...)»
Tereza Coelho, ao Público de 9 de Novembro de 2004 (por Adelino Gomes)

posted by George Cassiel @ 11:30 da manhã   0 comments
17 de Dezembro de 1843
Nesta data é publicado "A Christmas Carol" de Charles Dickens (Landport, Portsmouth, 1812 - Gadshill, Rochester, 1870).

posted by George Cassiel @ 11:27 da manhã   0 comments
terça-feira, dezembro 14, 2004
Magazine Littéraire
O número de dezembro desta incontornável publicação:
posted by George Cassiel @ 1:44 da tarde   0 comments
Conselhos recentes

Ensaios Pessoanos, de Eduardo Lourenço, Gradiva


Prosa Completa, de Woody Allen, Gradiva


Mário Cesariny, de João Lima Pinharanda et al., Assírio e Alvim
posted by George Cassiel @ 1:38 da tarde   0 comments
Ana Teresa Pereira III
Uma crítica bem elaborada no Queijo Limiano.
posted by George Cassiel @ 1:17 da tarde   0 comments
Ana Teresa Pereira II
"Lembro-me de ter lido há anos um texto de Truman Capote que me marcou muito. Aprendi com ele que existe uma diferença entre escrever bem, mesmo muito bem e a verdadeira arte. Os escritores, que são pessoas que escrevem bem e mais nada, não me interessam. Mas há os outros...os que, parafraseando Nietzsche, escrevem com o próprio sangue."

Ana Teresa Pereira, As Personagens, p.155
posted by George Cassiel @ 1:12 da tarde   0 comments
Ana Teresa Pereira I
Entrevista a António Lobo Antunes, por Alexandra Lucas Coelho

30 de Janeiro de 2000, revista Pública, suplemento do jornal Público

(...)
- Quem são os grandes romancistas que temos ?
- Não temos romancistas, mas temos poetas.
- Não temos nenhum romancista?
- Temos poucos. Normalmente os prosadores novos que vou ler... aquilo é tudo tão mau... Há uma rapariga que me parece ter muito talento, Ana Teresa Pereira, há um rapaz de que vi o manuscrito, não sei se está publicado, Alexandre Andrade, que me parece muito bom, há uma rapariga, Margarida Vale de Gato que me parece ter muito talento... Mas de uma forma geral desiludo-me.
- A Agustina diz que temos vários prosadores e não temos um único poeta no século XX.
- Isso é uma das boutades dela.
- Quem são os poetas de que gosta?
- Tantos... O Pessoa está muito sobrevalorizado... O Alberto Caeiro acho muito fraco, algum Ricardo Reis, algum Álvaro de Campos eu gosto, a prosa acho miserável.
- “O Livro do Desassossego”?
- Acho uma porcaria. Vamos falar de poetas vivos: o Cesariny é um grande poeta, o Eugénio é um grande poeta...
- A Sofia, o Herberto?
[encolhe os ombros, franze a cara]. (...)
posted by George Cassiel @ 1:12 da tarde   0 comments
Ana Teresa Pereira
Anda uma discussão violenta para os lados deste blog sobre a autora, em particular nos últimos comentários aos posts.
Vale a pena a visita, se gostam da obra dela.
posted by George Cassiel @ 1:05 da tarde   0 comments
sexta-feira, dezembro 10, 2004
Bom fim-de-semana!
posted by George Cassiel @ 5:59 da tarde   0 comments
Bom fim-de-semana!
Esta semana foi mesmo produtiva... menos posts... mais liberdade. Aguardemos pela comunicação ao país do nosso Presidente.
posted by George Cassiel @ 5:56 da tarde   0 comments
terça-feira, dezembro 07, 2004
Bom exemplo!
"Coimbra dá guarida a escritor perseguido
O escritor dissidente cubano Pedro Marqués de Armas vai ser acolhido em Coimbra, a partir de Janeiro de 2005, ao abrigo da adesão da Câmara Municipal à rede europeia de «Cidade Refúgio».

Marqués Armas e sua família, constituída pela esposa e filha, abandonam a «Cidade Refúgio» de Grosseto, na região da Toscana, Itália, onde foram acolhidos em Junho de 2003, na sequência da perseguição política de que foram alvo pelo regime de Fidel Castro, em Cuba.
O município de Coimbra aderiu em Novembro de 2003 a esta rede - a International Network of Cities of Asylum (INCA) - e o escritor cubano é o primeiro a beneficiar deste estatuto nesta cidade portuguesa.
Ao aderir a esta rede, criada por decisão do Congresso dos Poderes Locais e Regionais da Europa (CPLRE), a autarquia de Coimbra compromete-se a facultar à família do escritor perseguido um apartamento mobiliado, uma bolsa mensal de 1.300 euros, a custear os encargos escolares da filha, bem como a desenvolver diversas acções para a sua boa integração social.
Nascido em Havana a 27 de Outubro de 1965, Pedro Marqués de Armas é médico psiquiatra, escritor, poeta e ensaísta.
Ao longo dos anos 90 esteve ligado, em Cuba, aos movimentos politico-culturais «Paideia» e "Diaspora", e na sequência das posições assumidas começou a ser perseguido pelo regime castrista, e viu vedado o exercício livre da sua actividade de criação intelectual e a profissão de médico-psiquiatra.
É autor das obras poéticas «Fondo de Ojo» (1992) e «Los altos manicómios» (1994) e ainda do ensaio «Fasciculos sobre Lezama Lima» (1994).
A adesão de Coimbra à INCA foi formalizada em Novembro de 2003 aquando da deslocação à cidade do recém falecido filósofo francês Jacques Derrida, que subscreveu o acordo na sua qualidade de vice-presidente do Parlamento Internacional dos Escritores.
"

in Tsf Online (7/12/04)

Cities of Asylum - European Charter
posted by George Cassiel @ 2:39 da tarde   1 comments
A 7 de Dezembro de 1929 - "short story"
On this day in 1929, Hart Crane hosted a party for Harry and Caresse Crosby, attended by a number of now-famous friends -- E. E. Cummings, William Carlos Williams, Malcolm Cowley, Walker Evans. Two-and-a-half days later, Crosby and his mistress, Josephine Bigelow, committed double suicide; and two-and-a-half years later, Hart Crane committed suicide. Both Crane and Crosby were in their early thirties when they died, and both are regarded as being among the most lost of the Lost Generation.

A Walker Evans photograph of Brooklyn Bridge, for Hart Crane's The Bridge.
in http://todayinliterature.com
posted by George Cassiel @ 1:54 da tarde   0 comments
sexta-feira, dezembro 03, 2004
Bom fim-de-semana!

Velazquez, "The Needlewoman"
posted by George Cassiel @ 2:06 da tarde   0 comments
O Natal...
Acabei de gravar mais uma "cronicazita" para um programa numa rádio local. O texto foi, mais ou menos, este:

O Natal está a chegar. A iluminação já preenche as ruas e sente-se aquele clima de consumismo compulsivo, que todos criticamos, mas a que poucos resistem.

Mas mais do que isso, outro factor faz-nos recordar que o Natal está aí. É que recebemos todos uma grande prenda de Natal. Todos os portugueses e residentes em Portugal, receberam, com orgulho e satisfação a melhor prenda que nos poderiam oferecer. E logo da Presidência da República! Que honra! Ao Dr. Jorge Sampaio o nosso muito obrigado. Uma prenda destas é de facto muito bom! Aliás duas prendas. A mais cara: o par de patins para o actual Primeiro-Ministro. E a mais barata, já que serve a 10 milhões de pessoas: o mesmo par de patins para o actual Primeiro-Ministro. Obrigado sr. Presidente por nos confirmar que não andava distraído e que o Governo merecia passar um Natal mais radical. Com os patins calçados, já ninguém os apanha!

É ver o Dr. Santana Lopes aborrecido com a vida. E não é para menos. Conseguir demonstrar, em tão pouco tempo, que era totalmente incapaz para desempenhar as funções para as quais foi... nem sei como dizê-lo... indicado (eleito é que não). Demonstrar em quatro meses incompetência, incapacidade e desleixo... não é fácil. Mas conseguiu.

O que se seguirá à previsível derrota eleitoral em Fevereiro é que nos deve preocupar a todos. O que fará o Dr. Santana Lopes? Regressa à Câmara de Lisboa? Não poderá, porque o mais certo é ficar perdido em algum buraco que entretanto deixou por tapar. Regressar ao parlamento como líder da oposição. Também improvável porque o PSD não andará completamente cego. Regressar à advocacia? E haverá clientes depois disto tudo? Regressar ao Sporting? Agradecia que não o fizesse. Até porque, até para apanha bolas é preciso ter jeito!

A única solução é abrir uma discoteca. Garantimos o sucesso!

Quem ficou a perder foram os humoristas e cartoonistas da nossa praça. Menos assunto todas as semanas.

Ainda assim, obrigado Sr. Presidente e bom Natal também para si. Já agora, espero que a prenda que lhe mandei tenha chegado em boas condições. São uns doces cá da terra e o primeiro volume de uma obra, que achei apropriada para este momento: “Em busca do tempo perdido”, do Proust.

Até para a semana.
posted by George Cassiel @ 2:03 da tarde   0 comments
Dedicatória a Santana Lopes
posted by George Cassiel @ 2:00 da tarde   0 comments
Dedicatória a Jorge Sampaio
posted by George Cassiel @ 1:59 da tarde   0 comments
quinta-feira, dezembro 02, 2004
Releituras de Montalbán - "Si se supiera" - poesia
" Si se supiera
lo que se presiente y no se dice
desde que Hiroshima
nos dejó sin habla
que la tercera guerra mundial
se ha declarado
que se muere
en los cuatro puntos cardinados
que crucifican la tierra en cruz gamada
lejos del parking amortizable
del supermercado de leches descremadas
de los lugares de vacaciones invernales
de las familias de hijos únicos
desplegables
lejos del Louvre y de la poesía tónica
lejos
muy lejos de la Plaza Roja y de la Casa Blanca
si se supiera
que a los vietnamitas del Líbano les abren en canal en Guatemala
más no se inventó el napalm para Le Bois de Boulogne
ni la violada de El Salvador será Miss Play Boy
en abril
aunque abril siga siendo el mes más cruel
en ésta guerra sólo se mata en los arrabales
el centro es ciudad abierta por mutuo acuerdo
entre el Bien y el Mal, mientras la ciencia
del alma calcula como calcular lo incalculable
por ejemplo
cuántos deben morir cada día en Etiopía
para que nos salga social
de pronto
la poesía. "
posted by George Cassiel @ 5:39 da tarde   0 comments
Releituras de Montalbán - "¿Es usted puta?"
TELEVISIÓN BASURA
MANUEL VÁZQUEZ MONTALBÁN
El País (Temas de nuestra época), 1 / 7 / 1993.


"¿Es usted puta?". "No, señor". "¿Estaría usted dispuesta a pasar por la máquina de la verdad?". "Si usted me paga, yo paso por lo que sea". (Uno del público) "No será puta, pero se pega pedos y se hurga la nariz con el dedo gordo de la mano derecha". "¿Es cierto lo que nos dice su ex compañero sentimental?". "Mi compañero sentimental no merece ningún crédito, porque hasta hace dos días se dedicaba a secuestrar gatos domésticos para pedir rescate". "¿Gatos domésticos yo? ¡Hamsters! ¡Sólo he secuestrado hamsters!" (interviene otra señora del público, invitada como representante del ecologismo integrado). "Señor presentador, de lo de los pedos doy fe, porque, si mis narices no me engañan, la invitada acaba de emitir uno de no te menees"... "Calma, ¿estaría usted dispuesta a, en relación con las ventosidades que se le atribuyen, pasar por la máquina de la verdad?" (la invitada asiente y aparece la máquina de la verdad, pero los que esperaban al hombre de la verdad yanqui, recién llegado de Alcatraz o de los sótanos del Pentágono, como otras veces, se sorprenden: quien acaba de entrar es Mr. Guillotin, y lleva una guillotina plegable que usted puede adquirir en cómodos plazos o con un descuento de un 25% si la paga a toca teja con dinero gris. La aparición de Mr. Guillotin provoca un instinto de retirada en la entrevistada que es reprimido por la aparición de 500 espléndidas muchachas disfrazadas de atún claro y comandadas por Bettino Craxi, al tiempo que 2.000 matrimonios maduros de la Samarcanda profunda se prestan a explicar sus experiencias sexuales por separado y al mismo tiempo opinar sobre la guerra del Golfo y dar la receta —ella— de las "fabes con almejas", mientras dos millones de líderes de opinión consideran que Felipe González está calvo, lleva un bisoñé y es el secreto más guardado de la democracia, más incluso que el señor Calvo Sotelo, que era proteína pura de secreto de Estado o metafísica pura de secreto de Estado, sin que haya una coincidencia absoluta sobre la relación entre la visita del Papa y el serio deterioro que ha sufrido la propuesta kantiana de la razón como reordenadora de la realidad, con la ayuda de la televisión, a pesar de que el Papa mediático ha tratado de empezar a aplicarla precisamente en la ermita del Rocío). "Por 200 millones de pesetas y un lote completo de latas de migas de atún. ¿De qué sexo era el caballo blanco de Santiago?". "Perdone, señor Corcuera. Aprovecho la coincidencia de que participamos en la misma mesa redonda sobre la ley Mohedano para reclamarle el abrelatas que el V de Caballería se llevó de mi domicilio allanado". "Si le allanamos el domicilio, por algo sería..." (otra vez irrumpe alguien del público). "Trafica con manuscritos de Lacan". "¿usted trafica con manuscritos de Lacan?". (El traficante con manuscritos de Lacan estalla en sollozos y finalmente es retirado por las 300.000 semidesnudas abuelas de las chicas a las que Chicho les toca. Pero todo pasa a segundo término cuando aparece en pantalla un flash informativo de la CNN y Jane Fonda comenta las razones que han asistido al presidente Clinton a bombardear Bagdad, sin que la ex muchacha dorada deje de hacer aerobic secundada por 400.000 marquesas sevillanas de título pontificio y 200.000 maharíes francesas ex dependientas de Galerías Lafayette y ex amantes del actual compañero sentimental de una de las princesas de Mónaco secretas, hija de secretos amores entre el príncipe Rainiero y una delegación de la Sección Femenina, becada en Mónaco para ampliar estudios sobre la oursinade, puré de patata y huevas de herizo mediterráneo, a ser posible de púas marrones, rico, rico, rico, sobre todo si se le pone perejil crecido a los pies del Árbol de la Ciencia del Bien y del Mal y usted lo cocina no exáctamente el sábado, sino el miércoles por la tarde y se lo come tan ricamente antes del partido Tenerife - Cascos Azules o Pujol - Tercios de Flandes). "Me he perdido". "Para eso estamos aquí".(El presentador se echa gotas de melancolía Westinghouse en los ojos, se enfrenta a la cámara y habla) "En la mañana del 28 de junio de 1993, un analista de mass media se perdió dentro de su procesador de textos cuando trataba de buscarle el cuarto sexo a la televisión. ¿No será que la televisión es más la sombra de Kant que la de Hegel? Los últimos que le vieron aseguran que se levantó decidido al descabello, porque, disfrazado de científico social, durante una semana trató de urdir un artículo más o menos científico sobre la televisión como sucedáneo de la metáfora de la caverna platónica, como sucedáneo y como, una vez más, traición de la aspiración platónica —también, en cierto sentido gramsciana, aunque me esté mal el decirlo— de que la educación debe orientarse a que los hombre contemplen la verdadera realidad. Al no poder todos los hombres acceder al conocimiento de la realidad, sólo los que pueden hacerlo, los verdaderos sabios, podrán ser los verdaderos gobernantes. Como ha escrito Ferrater Mora, a modo de conclusión: "El filósofo-rey —el filósofo que se convierte en rey o el rey que filosofa— es la culminación del proceso educativo, que, si bien nace entre las sombras, se eleva progresivamente hasta la suprema luz". (El locutor se vuelve hacia los testigos de la desaparición del articulista) "Usted asegura haber sido el último que lo vio. ¿En qué circunstancias? Usted está en condiciones de dar una opinión precisa, porque es sociólogo". "Sociólogo imperfecto, sí, señor, para servirle a Dios y a usted". "¿A qué llamamos sociología imperfecta?". "A la que no tiene como vana pretensión sectaria ni dogmática el presentarse como perfecta, puesto que sólo puede haber pasados perfectos, en el sentido de que son inalterables. En cambio, los futuros son alterables, aunque puedan ser probabilizados, pueden escapar a los excesivos cálculos de su propia probabilidad". (El presentador se vuelve otra vez hacia el espectador. Le mira de hito en hito) "Ojo al dato y atención al parche" (De nuevo vuelca su atención y su melancolía sobre una de las invitadas). "Usted debe sufrir más que nadie esta misteriosa desaparición... ¿Quiere lanzar, desde estas cámaras, un mensaje a su marido?". (La mujer se seca una furtiva lágrima) "Manolo. Vuelve. Ya te advertí que el Word Perfect es muy traidor, porque te confías, y como te equivoques de tecla te convierte cualquier cosa en alegoría tan imperfecta que se esfuma y va a parar a las peores cavernas platónicas, esas que no se notan, que aparecen llenas de luz precisamente para que no podamos ver nada... La luz no deja ver las sombras...". "Señora, ¡qué bonito!". "Es que en mi juventud quise ser poeta". (El presentador de nuevo, triunfante, se cierne sobre una audiencia de 10 millones de socios del Mercado Común) "Hemos perdido un líder de opinión, pero hemos recuperado una poeta".
posted by George Cassiel @ 4:26 da tarde   0 comments

GEORGE CASSIEL

Um blog sobre literatura, autores, ideias e criação.

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"Este era un cuco que traballou durante trinta anos nun reloxo. Cando lle chegou a hora da xubilación, o cuco regresou ao bosque de onde partira. Farto de cantar as horas, as medias e os cuartos, no bosque unicamente cantaba unha vez ao ano: a primavera en punto." Carlos López, Minimaladas (Premio Merlín 2007)

«Dedico estas histórias aos camponeses que não abandonaram a terra, para encher os nossos olhos de flores na primavera» Tonino Guerra, Livro das Igrejas Abandonadas

 
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